A defesa do jornalista e fundador do WikiLeaks, Julian Assange, anunciou que ele foi finalmente retirado na sexta-feira (24) do confinamento solitário a que vinha sendo submetido 23 horas por dia na penitenciária de segurança máxima de Belmarsh, conhecida como a ‘Guantánamo britânica’, desde abril do ano passado.
A suspensão do confinamento é resultado de petições da defesa contra a arbitrariedade e do repúdio à perseguição ao jornalista que não para de chegar do mundo inteiro.
Outra boa notícia é que a audiência de extradição, pedida pelos EUA, que estava marcada para fevereiro, foi adiada para maio. As decisões foram tomadas pelo Tribunal de Magistrados de Westminster, em Londres.
Era grande a apreensão de todos os democratas e homens de bem sobre o que estava acontecendo com Assange, não apenas de parte de seu pai e amigos, mas também o relator da ONU para Tortura, Nils Melzer, advertindo que sua vida corria risco, e que apresentava todos os sinais de que sofreu tortura.
Em audiência no final do ano passado, Assange tinha até mesmo dificuldade para se expressar, e várias personalidades que foram vê-lo no presídio se mostravam preocupados de que estivesse sendo dopado. A defesa também não conseguia acesso para preparar sua defesa da extradição, que o ameaça com 175 anos de cárcere, se não fizerem coisa pior.
Não havia qualquer justificativa para que Assange estivesse sob tal regime prisional, a não ser o ódio histérico do establishment imperial contra ele ter exposto o “Assassinato Colateral”, o vídeo do próprio Pentágono registrando um helicóptero Apache matando dois jornalistas e alguns civis no Iraque, sob orientação do comando.
O confinamento em solitária não podia ser por causa de ter faltado a uma audiência de um processo sueco fraudado. E nem mesmo por se tratar de pedido de extradição (a herdeira da Huawei está sob prisão domiciliar em uma mansão no Canadá). Era tão somente um mecanismo para impedir que Assange preparasse sua defesa e para mantê-lo sob tortura e sedado.
Em outro desdobramento, conforme o El País, três pessoas que trabalhavam para a empresa de segurança espanhola UC Global, testemunharam diante do Tribunal Superior da Espanha, que o chefe da empresa, David Morales, entregou o material da vigilância ilegal de Assange, dentro da embaixada de Londres, à CIA.
Ou seja, a CIA espionou, ilegal e sistematicamente, as conversas entre Assange e seus advogados, e todos os outros visitantes, até que este fosse arrastado e preso, depois de entregue pelo regime no Equador aos policiais ingleses, a tempo de enfrentar a extradição para os EUA, onde, em processo secreto, é acusada há anos de “espionagem” por ter posto nas redes sociais – e nos principais jornais do mundo – arquivos do governo norte-americano que mostram crimes de guerra, conspirações e corrupção a rodo.
Esses testemunhos comprovam que o governo dos EUA, em conluio com outros, violou a proteção fundamental da confidencialidade advogado-cliente, o que por si só é suficiente, se houver qualquer resquício de justiça nas cortes inglesas, para que o caso de extradição para os EUA seja liminarmente descartado.
As testemunhas forneceram vídeos, fitas de áudio e dezenas de emails sobre a operação de vigilância, que em especial visava as reuniões do jornalista com a equipe de defesa. Morales está sendo processado na Espanha por violação de privacidade, suborno e lavagem de dinheiro. Como ele mesmo fez questão de avisar depois de se acertar com a CIA, “estamos jogando na primeira divisão” e “eu fui para o lado sombrio”. Passou a viajar para os EUA uma ou duas vezes por mês, para entregar os grampos aos “americanos”.
A.P.