
Entidade “manifesta seu mais firme repúdio às recentes ações do governo dos Estados Unidos que impactam negativamente a economia brasileira e ferem o princípio da autodeterminação dos povos”
O Clube de Engenharia denunciou que as taxas impostas por Donald Trump para tentar barrar o julgamento de Jair Bolsonaro por golpe de Estado são uma “afronta à democracia e ao desenvolvimento” do Brasil.
“O Clube de Engenharia do Brasil conclama as instituições da República, os profissionais da engenharia, os cientistas, os sindicatos, as universidades e as forças vivas da sociedade brasileira a resistirem a toda forma de ingerência externa que comprometa o futuro do País”, diz a carta divulgada.
A entidade manifestou seu “firme repúdio” às taxas, “que impactam negativamente a economia brasileira e ferem o princípio da autodeterminação dos povos”.
Na avaliação da entidade, fundada em 1880, as medidas anunciadas por Trump na quarta-feira (9) “representam uma tentativa inaceitável de subordinação do Brasil a interesses geoestratégicos alheios ao nosso projeto nacional”.
“Atentam contra setores fundamentais como a energia, a indústria de defesa, a tecnologia de ponta, a infraestrutura e a engenharia nacional”, avalia.
Os engenheiros apontam que “qualquer tentativa de restringir o acesso do Brasil às cadeias globais de valor de forma desigual, ou de limitar a atuação soberana do Estado em políticas industriais, configura uma afronta à democracia e ao desenvolvimento”.
Donald Trump anunciou que vai taxar em 50% todos os produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos e disse que o julgamento de Jair Bolsonaro e seus aliados, que organizaram um golpe, “não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente!”, escreveu.
Leia a íntegra da nota do Clube de Engenharia:
Carta de repúdio às ações do governo dos Estados Unidos contra a economia nacional e a democracia brasileira
O Clube de Engenharia do Brasil, fiel à sua tradição de defesa da soberania nacional, da engenharia como instrumento do desenvolvimento e da democracia como valor inegociável, manifesta seu mais firme repúdio às recentes ações do governo dos Estados Unidos que impactam negativamente a economia brasileira e ferem o princípio da autodeterminação dos povos.
Tais medidas — sejam elas barreiras tecnológicas, sanções veladas, imposições regulatórias unilaterais ou pressões políticas — representam uma tentativa inaceitável de subordinação do Brasil a interesses geoestratégicos alheios ao nosso projeto nacional. Atentam contra setores fundamentais como a energia, a indústria de defesa, a tecnologia de ponta, a infraestrutura e a engenharia nacional.
A história ensina que o crescimento das nações passa pelo fortalecimento de suas capacidades produtivas, pela apropriação do conhecimento científico-tecnológico e pela autonomia na definição de seus rumos. Qualquer tentativa de restringir o acesso do Brasil às cadeias globais de valor de forma desigual, ou de limitar a atuação soberana do Estado em políticas industriais, configura uma afronta à democracia e ao desenvolvimento.
O Clube de Engenharia do Brasil conclama as instituições da República, os profissionais da engenharia, os cientistas, os sindicatos, as universidades e as forças vivas da sociedade brasileira a resistirem a toda forma de ingerência externa que comprometa o futuro do País.
Reafirmamos nosso compromisso com um Brasil soberano, democrático e tecnologicamente avançado, onde o conhecimento sirva ao interesse público e a engenharia seja motor de um desenvolvimento justo e inclusivo.
Rio de Janeiro, 10 de julho de 2025
Francis Bogossian
Presidente do Clube de Engenharia do Brasil