Após reunir-se com o presidente sul-africano, Jacob Zuma, no dia 7, o líder do Congresso Nacional Africano (ANC) e vice-presidente do país, Cyril Ramaphosa, divulgou comunicado, afirmando que a saída de Zuma da presidência do país, está aguardando apenas alguns detalhes. “Discutimos de forma direta a transição”, afirmou Ramaphosa.
A construção de um acordo para a saída de Zuma é o caminho que mais interessa ao ANC e a Ramaphosa, pré-candidato a presidente para a eleição de 2019 e deve assumir o cargo com a saída do presidente. Caso não seja viabilizado o afastamento através de um acordo, o processo correrá via Parlamento, seja por uma moção de censura ou pela instalação de um processo de impeachment, por corrupção, o que poderia prejudicar ainda mais a popularidade do partido e fortalecer a oposição.
A primeira conversa acerca do acordo para a renúncia de Zuma ocorreu domingo. O presidente negou qualquer possibilidade de abandonar o cargo. Com a decisão, o comitê executivo do ANC se reuniu na segunda para votar um pedido formal de destituição, o que resultou em um novo encontro entre Zuma e Ramaphosa na terça.
“CAPTURA DO ESTADO”
Zuma responde a acusações por envolvimento em 783 casos de corrupção, ao longo de toda a sua vida pública. Além da “captura do Estado” por interesses dos monopólios e empresas privadas, o caso de corrupção que mais chocou os sul-africanos está relacionado à utilização de dinheiro público para financiar obras em uma de suas casas particulares.
A “Captura do Estado” foi o título de um relatório publicado ano passado pela promotora de justiça, Thuli Madonsela. De acordo com o documento, as benesses dadas por Zuma às empresas da família Gupta, desviaram dos cofres públicos entre 150 e 200 bilhões de rands (9 a 12 bilhões de euros).
Tudo veio a público com a divulgação das investigações envolvendo a família Zuma e os irmãos Gupta – os magnatas indianos radicados na África do Sul, Atul, Ajay e Rajesh Gupta, que angariaram vasta influência política e econômica. A associação teria tido início já em 2007, ano que Zuma assumiu o cargo. Desde então, diversas empresas ligadas aos Gupta receberam concessões e contratos públicos, sobretudo no setor de mineração. São laços tão próximos, que ambas as famílias são conhecidas como os “Zuptas” no país.
GABRIEL CRUZ