A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), na terça-feira (7), mostra que em abril o percentual de famílias brasileiras endividadas aumentou 0,3 ponto percentual em relação a março, atingindo 62,7%. É a quarta alta seguida.
Na comparação com o ano passado, houve um aumento expressivo de 2,5 p.p, quando o indicador foi de 60,2% do total de famílias.
O percentual de famílias consideradas inadimplentes, ou seja, com dívidas ou contas em atraso, também aumentou em abril, se comparado ao mês anterior, passando de 23,4% para 23,9%.
O número de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso também aumentou na comparação mensal, passando de 9,4% no mês passado para 9,5% este mês.
Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, “houve alta do comprometimento médio de renda com o pagamento de dívidas, a primeira elevação deste indicador desde setembro de 2018”.
O número de famílias endividadas varia de acordo com a faixa de renda. Para as famílias que ganham até dez salários mínimos, o percentual daquelas com dívidas alcançou 63,9% em abril, superior aos 63,5% observados em março de 2019 e superior aos 62,0% de abril de 2018.
Diante do desemprego e da renda apertada, muitas famílias recorrem ao crédito, que cobram taxas de juros extorsivas.
O principal tipo de dívida apontada por 77,6% das famílias é o cartão de crédito, seguido por carnês (15,3%), e, em terceiro, por financiamento de carro (10,0%). Além disso, o salário não acompanha as altas nas contas de luz, água e dos combustíveis, como o recente aumento no preço do gás.
Segundo o IBGE, a prévia da inflação (Índice de Preços ao Consumidor-IPCA-15) disparou em abril, puxada pela alta nos preços dos alimentos e dos combustíveis. A alimentação no domicílio ficou 1,43% mais cara e o aumento da gasolina disparou (3,22%). Ainda foram destaques os aumentos nos ônibus urbanos (1,04%), trem (3,05%) e metrô (0,68%), além das passagens aéreas (5,54%).