
“É, hoje, a maior trava ao desenvolvimento econômico, à criação e manutenção de emprego e ao aumento da renda da população. Se a redução da taxa Selic não ocorrer logo, os efeitos da queda da atividade industrial deverão se alastrar pela economia”, afirmou Ricardo Alban, presidente da entidade
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, afirmou que o resultado do PIB do segundo trimestre deste ano “demonstra, claramente, a necessidade de iniciarmos um ciclo de queda na taxa de juros (Selic). Esta é, hoje, a maior trava ao desenvolvimento econômico, à criação e manutenção de emprego e ao aumento da renda da população”.
“O atual patamar da taxa básica de juros, em 15%, é insustentável para quem produz”, criticou Alban. A manifestação do empresário ocorre após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar, na última terça-feira (2), o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deste ano, que variou em alta de 0,4% no período, o que é uma significativa desaceleração no ritmo de crescimento, em comparação ao primeiro trimestre (1,3%).
“Se a redução da taxa Selic não ocorrer logo, os efeitos da queda da atividade industrial deverão se alastrar pela economia, na medida em que afetarem emprego e renda do trabalhador industrial, além dos investimentos”, ressaltou Ricardo Alban. “Sem a contribuição da Indústria, o crescimento da economia brasileira vigoroso dos últimos três anos, em torno de 3%, fica cada vez mais distante de se repetir “, alertou Ricardo Alban.
“A alta da indústria no 2º trimestre é explicada exclusivamente pelo crescimento da indústria extrativa, cujo PIB avançou 5,4%, puxada pela produção de petróleo”, assinalou a CNI em nota. O resultado geral do PIB veio acompanhado pelas quedas do PIB da Indústria de transformação (-0,5%) e da construção (-0,2%), ambos em queda pelo segundo trimestre consecutivo -, o “que evidenciam os significativos impactos das taxas de juros nos setores mais expostos que o restante da economia”, também ressalta a CNI.
A CNI também argumenta, em nota, que embora o consumo das famílias ainda apresente um crescimento de 0,5% no trimestre, “as taxas de juros elevadas estão penalizando a demanda por bens industriais”.
“O consumo de bens industriais, que vinha crescendo, mostrou queda no trimestre encerrado em junho frente ao trimestre ante o trimestre anterior, de 0,4%, segundo o Indicador Ipea de consumo aparente de bens industriais”.
Em julho deste ano, a produção pela indústria caiu -0,2%, segundo números do IBGE. Com mais esse recuo, o setor, que não cresce há quatro meses, acumula perda de 1,5% desde abril deste ano.
O baixo desempenho no setor vem sendo puxado pela indústria de transformação, que corresponde a mais de 80% da indústria geral. Em julho, o ramo registrou uma queda de 0,1% na produção – ficando o quarto mês consecutivo sem crescimento (abril deste ano – queda de -1%; em maio, -0,5%; junho, +0,1%, e julho, -0,1%).
O gerente responsável pela pesquisa da indústria no IBGE, André Macedo, também afirma que a política monetária restritiva do Banco Central (BC) foi o principal fator para os resultados negativos da indústria em julho.
“Temos 12 mil informações mensais [de empresas industriais]. De forma pontual, vimos algumas informações que se referem ao tarifaço…, mas isso não é determinante para a perda de intensidade da indústria. O juro alto é muito mais preponderante”, disse Macedo.