“Os ministérios da Fazenda e do Planejamento desempenham papéis específicos. Quem vai defender as políticas industriais?”. Foi nesses termos que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) se manifestou em relação ao programa de Bolsonaro que prevê a fusão de ministérios.
Na terça-feira (30) o presidente da CNI, Robson de Andrade, reiterou o posicionamento da entidade frente às declarações de Paulo Guedes, apontado como futuro ministro da economia, confirmando o propósito de juntar em um só ministério, o Planejamento, a Fazenda e o ministério da Indústria e Comércio.
Andrade disse: “Tendo em vista a importância do setor industrial para o Brasil, que é responsável por 21% do PIB [Produto Interno Bruto] nacional e pelo recolhimento de 32% dos impostos federais, precisamos de um ministério com um papel específico, que não seja atrelado à Fazenda, mais preocupada em arrecadar impostos e administrar as contas públicas”.
Somente uma indústria forte pode levar o Brasil ao caminho do desenvolvimento econômico e social, insistiu, ainda, o presidente da CNI. “Nenhuma grande economia do mundo abre mão de ter um ministério responsável pela indústria e pelo comércio exterior forte e atuante”.
Andrade enfatizou que tirar um ministério específico para o setor é ir na contramão da tendência de países como Inglaterra e Estados Unidos que, segundo ele, têm reforçado sua política industrial.
A declaração foi feita após encontro de Bolsonaro com representantes do setor. O presidente da Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Fernando Pimentel, também se manifestou contra a medida, afirmando que seria um retrocesso, já que existe uma grande demanda industrial. “O Ministério da Fazenda já tem tarefas muito complicadas para resolver”, disse.