Na contramão das ações promovidas no Brasil por governadores e prefeitos e por dirigentes dos países mais desenvolvidos do mundo, o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade, encaminhou uma carta a Jair Bolsonaro, nesta sexta-feira (27), apoiando suas medidas criminosas contra as orientações da Organização Mundial de Saúde de isolamento total da população no combate ao coronavírus.
O empresário, acometido pela doença adquirida ao acompanhar Bolsonaro em missão nos Estados Unidos, está propondo lançar 9,4 milhões de trabalhadores no matadouro com implantação do chamado “isolamento social vertical”. Ou seja, permitir a aglomeração de trabalhadores nas fábricas e a transmissão do vírus para seus entes queridos.
Para justificar essa ação criminosa, o presidente da CNI promete que seriam testados 100% dos trabalhadores da indústria e separados aqueles que testassem positivo para a doença.
Segundo Robson de Andrade, colocar em risco a vida de milhares de pessoas seria a única forma de garantir a continuidade de seus negócios. Conforme economistas das mais diversas ideologias, ex-ministros, ex-presidentes do Banco Central, ex-secretários da Fazenda, se o Brasil não promover as orientações da OMS, de isolamento social, permanência no domicílio, quarentena, o país vai entrar em depressão.
“A quarentena não significa que as pessoas vão sair gastando e os empregos vão ser preservados na sua plenitude. No caso do Brasil, pegaria um número muito grande de pessoas muito fragilizadas. Da população brasileira, 38% são idosos, portadores de doenças crônicas ou ambos. Seria uma loucura”, afirmou o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, em entrevista ao O Globo. Além do mais, segundo Fraga, “as pessoas já estão muito assustadas e não vão sair consumindo mesmo que se decrete o fim do isolamento de repente”
Os setores essências não pararam a produção. Ao contrário, a garantia do abastecimento dos produtos necessário ao combate ao vírus no sistema de saúde e a produção de alimentos à população, assim como o transporte desses produtos, está sendo mantida e será decisiva no enfrentamento da pandemia. Ninguém propôs parar esses setores.
Ao que parece, não é o que o presidente da Confederação Nacional da Indústria está preocupado. Ele quer arrancar o couro do trabalhador para salvar empresas, e não vidas. Apoia as atitudes irresponsáveis de Bolsonaro porque quer garantir os lucros em detrimento da vida dos trabalhadores.