O general da reserva Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, realizou “movimentações atípicas” que somam quase R$ 4 milhões em suas contas bancárias entre fevereiro de 2022 e maio de 2023, aponta o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
O montante é totalmente incompatível com seu salário enquanto general, que, segundo o Portal da Transparência, é de R$ 23,9 mil. Ele comandou o escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), em Miami, no governo Bolsonaro.
A movimentação detectada pelo Coaf é composta por R$ 1.949.104 que Mauro Loufrena Cid recebeu em sua conta e R$ 1.965.053 que ele enviou.
Ao todo, foram R$ 3.914.157 movimentados em 15 meses, mostram informações que foram enviadas para a CPMI do Golpe e divulgadas pelo g1.
Mauro Lourena Cid foi apontado pela Polícia Federal como um dos membros da organização criminosa que vendia nos Estados Unidos joias e outros presentes que o ex-presidente recebeu da Arábia Saudita e outros países.
O Coaf destacou que Mauro Lourena Cid enviou, em janeiro de 2023, R$ 62,6 mil para uma outra conta própria nos Estados Unidos. Essa transação, feita em dólares, foi dividida em três partes de US$ 3 mil.
Transferências de valor superior a US$ 3 mil obrigam o responsável a declarar o motivo.
Dois meses depois, em março de 2023, Mauro Lourena Cid fez seis transferências que somam R$ 89,7 mil. Todas aconteceram enquanto Jair Bolsonaro estava nos Estados Unidos.
No relatório, o Coaf identificou “movimentações atípicas de recursos por agentes públicos” e enfatizou a existência de “transferências unilaterais que, pela habitualidade, valor ou forma, não se justifiquem ou apresentem atipicidade”.
Parte da movimentação do dinheiro foi feito entre diferentes contas que têm como titular Mauro Lourena Cid. Esse tipo de transferência atrapalha a elucidação da “real origem e destino dos recursos”.
No esquema criminoso de Jair Bolsonaro, Mauro Lourena Cid participou vendendo alguns dos presentes que o ex-presidente recebeu de países estrangeiros. Além disso, o general deveria entregar em mãos para Bolsonaro US$ 25 mil, equivalente a R$ 125 mil, quando eles se encontraram em Miami, nos EUA.
O ajudante de ordens, Mauro Cid, falou abertamente sobre isso em um áudio que foi obtido pela PF.
“Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente (…) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (…). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor ne?”, falou o assessor de Jair Bolsonaro.
De acordo com o Coaf, outros três familiares de Mauro Lourena Cid tiveram movimentações atípicas em suas contas bancárias.
É o caso de seu filho, Mauro Cid, de uma de suas netas e de João Norberto Ribeiro, que é tio de Gabriela Cid, esposa do ajudante de ordens.