A Combat Armor Defense do Brasil, fundada por um seguidor de Trump, se instalou no Brasil para fornecer blindados à PRF na época de Silvinei Vasques. A empresa faz movimentações incompatíveis com o seu faturamento, segundo o Coaf
O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão de inteligência financeira do Banco Central, identificou movimentações financeiras atípicas por parte da Combat Armor Defense do Brasil, empresa que vendeu veículos blindados para a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no governo de Jair Bolsonaro (PL). As informações são da colunista da Folha, Mônica Bergamo.
Quem contratou a empresa americana foi Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF. Ele foi questionado sobre a sua relação com a empresa após sua saída da corporação, em depoimento à CPI dos atos golpistas de 8 de janeiro, mas não convenceu os parlamentares. Ele admitiu ter pedido emprego à fornecedora de blindados que ele contratou, após ter deixado o comando da corporação.
A CPI do Golpe, que investiga os ataques de grupos fascistas ligados a Bolsonaro às sedes dos três Poderes, em Brasília, no 8 de janeiro, está com o relatório do Coaf em mãos. A Combat Armor realizou movimentações financeiras incompatíveis com sua capacidade econômica e recebeu valores que são debitados imediatamente de suas contas.
A empresa é ligada a um seguidor de Donald Trump e abriu uma filial no Brasil em 2019. O faturamento mensal da Combat Armor era de R$ 58,5 mil, segundo o Coaf.
Já entre junho de 2021 e abril do ano passado, a empresa chegou a receber R$ 4,8 milhões, sendo mais de R$ 3 milhões provenientes de pagamentos feitos pela PRF e R$ 1,7 milhão do Governo do Rio de Janeiro. No mesmo período, foram debitados de sua conta R$ 4,7 milhões, que tiveram como destino outras empresas e contas da própria Combat Armor.
“A movimentação apresentada não condiz com o faturamento declarado”, afirma o Coaf. Entre abril de 2022 e junho deste ano, os créditos recebidos em conta totalizaram R$ 18,6 milhões. As movimentações feitas no período também foram consideradas suspeitas e incompatíveis com o faturamento mensal.
Saques em espécie realizados de forma fragmentada e dentro de um período de cinco dias também entraram na mira do órgão. A suspeita é que o procedimento busque burlar o valor total da operação e evite que as autoridades sejam comunicadas sobre as movimentações.
O relatório do Coaf obtido pela Folha ainda destaca que, em visita a uma das instalações da empresa, em endereço indicado por um de seus representantes, “não foram encontrados veículos e nenhum tipo de maquinário” para a realização de blindagem. Segundo o órgão, a Combat Armor teria prestado “informação de difícil ou onerosa verificação”.