A Coalizão em Defesa do Sistema Eleitoral, que reúne mais de 200 entidades, apresentou uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as conversas de grupo de empresários bolsonaristas defendendo um golpe de estado para Jair Bolsonaro continuar no poder.
O documento pede que Luciano Hang, dono das lojas Havan, Afrânio Barreira Filho da rede de restaurantes Coco Bambu, Ivan Wrobel, dono da W3 Engenharia, e Marco Aurélio Raymundo, das lojas Mormaii, sejam incluídos no inquérito das milícias digitais, que tramita no STF. Também encontra-se entre eles José Isaac Peres, dono da Multiplan, grupo de shoppings.
Para a Coalizão em Defesa do Sistema Eleitoral, os empresários “pregam de maneira direta o afastamento da Democracia representativa, com o retorno do Estado de Exceção, deixando de reconhecer o resultado das eleições livres e diretas que serão realizadas em outubro próximo”.
Além da inclusão no inquérito, a Coalizão pede a quebra dos sigilos telefônicos e telemáticos dos empresários e que seja investigada a sua participação e possível financiamento dos atos golpistas do 7 de setembro.
“No material divulgado há elementos indiciários a demonstrar uma possível organização de empresários, que trama desestabilizar as instituições democráticas, defendendo a necessidade de exclusão dos Poderes Legislativo e Judiciário, atacando seus integrantes, especialmente e pregando a própria desnecessidade de tais instituições estruturais da Democracia brasileira, falando em golpe com todas as letras”, aponta.
As conversas obtidas pelo Metrópoles contém “fortes indícios e significativas provas apresentadas da existência de uma verdadeira organização criminosa, de forte atuação digital e com núcleos de produção, publicação, financiamento e político”.
A notícia-crime é assinada pela Associação Brasileira de Juristas Pela Democracia (ABJD), pela Associação de Juízes para a Democracia (AJD), pela Associação Americana de Juristas (AAJ-Rama Brasil), pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Avançados da Magistratura e Ministério Público do Trabalho (Ipeatra) e pela Comissão Justiça e Paz de Brasília (CJP-DF), que compõem a Coalizão.
GOLPISTAS
Ivan Wrobel, da W3 Engenharia, publicou no grupo: “Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público”.
A conversa se desenrolou com José Koury, proprietário do shopping Barra World, dizendo que prefere “golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”. Afrânio Barreira, do Coco Bambu, respondeu a mensagem com uma figurinha aplaudindo.
Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, dono da rede de lojas Mormaii, acredita que “o 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro”.
Ele ainda respondeu a mensagem de José Koury, alegando que “golpe foi soltar o presidiário!!! Golpe é o ‘supremo’ agir fora da constituição! Golpe é a velha mídia só falar merda”.