Ato levou milhares de aposentados às ruas contra roubo à Previdência pública
Aposentados de todo o Brasil foram às ruas nesta quinta-feira (09), no centro de São Paulo, para protestar contra a tentativa do governo Temer de aprovar a chamada “reforma da Previdência”. Durante o ato, os aposentados denunciaram Temer e sua quadrilha ressaltando que, para beneficiar os rentistas e assaltar os aposentados, espalham por todos os cantos que a Seguridade Social está falida e que não há mais dinheiro para pagar as aposentadorias.
Com um grande boneco representando Temer com a mão no dinheiro da Previdência e sob gritos de “Temer safado! Ladrão de aposentado!”, a manifestação – organizada pela COBAP (Confederação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos) e a Fapesp (Federação dos Aposentados de São Paulo) – não esmoreceu mesmo diante de forte chuva e cruzou os principais pontos do centro da capital paulista.
Os manifestantes também pediram a volta do Ministério da Previdência Social. Para Warley Martins, presidente da Cobap, “nós provamos, através da CPI, que a Previdência não tem déficit, por isso não precisa haver reforma. Mas o que eles querem é vender a nossa previdência para os bancos, fundos internacionais, justamente porque ela é boa, uma das melhores do mundo e isso nós não podemos permitir. O que deve acontecer é a volta do nosso Ministério! Não é possível que a segunda maior arrecadação do país fique rebaixada a uma sub-pasta! É uma falta de respeito com os aposentados que tanto lutaram e construíram esse país”.
Para o presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira, Bira, “nós viemos para a rua, e o povo todo virá, se não essa canalha vai roubar tudo o que temos e entregar aos bancos, e nós não podemos deixar. E é na rua que nós não vamos deixar essa lei safada passar, o Temer e a quadrilha que ele colocou lá no Congresso Nacional querem nos deixar trabalhando até a morte, mas vamos parar esse país e mostrar que o povo não aceita!”.
Segundo José Veiga de Oliveira, presidente da FAPESP, a reforma retira muitos direitos e transforma a aposentadoria num sonho longínquo, porque a maioria do povo não irá conseguir comprovar o tempo mínimo de trabalho. “Somos totalmente contrários a esse tipo de reforma que eles estão querendo e por isso estamos trabalhando para não aprová-la, para assegurar os direitos que a gente tem hoje. Essa PEC 287 tira o direito que a gente adquiriu durante todo o tempo que a gente trabalhou, e ainda aumenta muito o tempo de contribuição: as pessoas não têm condição de comprovar 40 anos de contribuição para se aposentar. Isso não é justo, a gente não aceita!”.
Oliveira se referiu à nova regra de aposentadoria, em que haverá uma idade mínima de 65 anos para homens e 62 para as mulheres, com contribuição mínima de 25 anos. Para ter a aposentadoria integral são necessários 40 anos de contribuição comprovada, o que torna o beneficio integral quase impossível: hoje em dia, com apenas 15 anos de contribuição, as pessoas já têm dificuldade de comprovar o tempo de trabalho.
Os aposentados aproveitaram também o ato, juntando manifestantes de todo o país, para ressaltar que a CPI da Previdência provou a sua rentabilidade e que não há rombo nenhum no órgão. Mesmo com mais de R$ 150 bilhões que eram devidos à previdência – mas que foram perdoados na forma de privilégios fiscais e isenções no pagamento de tributos – a pasta ainda é superavitária. Vale lembrar que o governo retira 30% do orçamento da seguridade através da DRU (Desvinculação das Receitas da União), e ainda há as empresas sonegadoras, que devem R$ 452 bilhões à Previdência.
A presidente da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), Glaucia Morelli, também esteve no ato e sustenta: “essa disposição de luta da COBAP e suas entidades parceiras demonstra que a reforma da Previdência, escravagista e assassina do governo Temer, está com os dias contados. A CPI da previdência provou que não tem rombo, tem roubo! E nós vamos colocar a quadrilha Temer, que quer assaltar a previdência, na cadeia! Fora, não à reforma da Previdência”, disse.
Para o vice presidente do Sindsep (Sindicato dos Servidores Públicos do Município de São Paulo), Leandro de Oliveira, que esteve na manifestação, devemos todos sair “em defesa da Seguridade Social, que são as três pernas que o governo Temer quer atacar nesse momento – a saúde, a previdência e a assistência social. E ele está fazendo isso por que tem compromisso é com os interesses internacionais, do grande capital e também do capital nacional. Eles querem transferir tudo o que puderem para a iniciativa privada”.
ANA CAMPOS