Os “coletes amarelos” realizaram em Paris e outras cidades da França o 16º protesto contra a política de arrocho de Emmanuel Macron, exigindo sua renúncia e justiça social para o país.
O sábado (2) abriu, segundo apontam, um “grande mês” de mobilização para marcar o fim do “grande debate” lançado pelo presidente francês que busca ‘enrolar’ e descaracterizar o movimento, segundo avaliou Benjamin Cauchy, um dos líderes do movimento.
Na capital, os manifestantes se reuniram, como é já de costume cada semana de protesto, nos Campos Elíseos, à altura do Arco do Triunfo e nos Campos de Marte, ao lado da Torre Eiffel e saíram em passeata por 12 quilômetros sob forte vigilância policial.
Aconteceram também marchas em cidades como Marselha, Montpellier, Toulouse e Arles (sul), em Estrasburgo (nordeste), Nantes (oeste) e Bordeaux (sudoeste).
No norte, os organizadores convocaram os “coletes amarelos” da região e de países vizinhos (Bélgica, Reino Unido, Luxemburgo, Holanda, Alemanha) para “convergir” para Lille no sábado 16. “A luta é internacional”, afirmava a mensagem do evento nas redes sociais, traduzida para inglês e alemão.
O dia 16 de março coincide com o fim do debate nacional lançado em 15 de janeiro pelo chefe do Estado francês. Macron, acuado, organizou uma consulta nacional de dois meses, para tentar responder à indignação dos manifestantes, reunindo as preocupações dos franceses.
O debate, que resultou em 10 mil reuniões na França e mais de um milhão de contribuições pela Internet, foi denunciado pelos “coletes amarelos”
como “farsa” e “campanha de comunicação”.
Macron, buscando diminuir o peso do protesto, disse na sexta-feira que “um bom número de franceses” já não “compreendia esse movimento”, mas foi rapidamente respondido. Cathérine, aposentada, considerou que a mobilização não perdeu força. Muitos franceses “são ‘coletes amarelos’ internamente, e não precisam estar fisicamente presentes”, argumentou.
“Nós não viramos, nem vamos virar, folclore. Expressamos a indignação da França e sua vontade de melhorar a vida”, assinalou Jean Luc, funcionário de limpeza de um prédio no centro de Paris.
Os protestos, que tiveram início em 17 de novembro último, após o presidente francês anunciar um imposto “ecológico” sobre o diesel, de que quase todos dependem, depois de ter abolido um imposto sobre fortunas, em favor dos mais ricos, e de aumentar o preço do diesel em 23% em um ano, tem se espalhado para toda a França.
A revolta rapidamente evoluiu para a denúncia do arrocho e para exigir a renúncia de Macron e criação de um mecanismo de iniciativa cidadã de convocação de referendos.
Tentando desmobilizar os protestos, Macron fez aprovar no parlamento, que ele controla, medidas meia-sola contra o arrocho, depois de ter revogado a contragosto o ‘imposto ecológico’ sobre o diesel.