Na 13° semana em quase três meses depois do início dos protestos, os “Coletes Amarelos” voltaram a se manifestar neste sábado (9) nas ruas da França, reunindo milhares de pessoas.
Desde a primeira manifestação em 17 de novembro, o movimento se transformou e agora põe à mostra sua resistência focando mais suas críticas ao presidente, Emmanuel Macron.
Intitulado “Ato 13”, em alusão ao número de fins de semana de mobilização, a manifestação começou em Paris às 11h30 pelo horário local (8h30 em Brasília) diante do Arco do Triunfo e desceu a Av. do Champs Elysées.
Como nos fins de semana anteriores, um forte dispositivo de segurança principalmente em volta das instituições públicas, como a sede da presidência, o ministério da Relações Exteriores ou a própria Assembleia Nacional, que ficam próximos ao trajeto do cortejo, foi alocado pelo governo.
O francês, descendente de portugueses, Jerôme Rodrigues, uma das caras do movimento que há duas semanas foi ferido com uma bala de borracha e corre o risco de vir a perder a visão do olho direito, estava hoje entre os manifestantes, segundo imagens da BFM TV.
Em outras cidades como Bordeaux, Marselha, Nice, Montpellier, Rouen e Caen os protestos acontecem ao longo de todo o dia.
Os Coletes Amarelos, que já derrubaram o aumento do preço do diesel e forçaram Macron a vários recuos a contragosto, seguem exigindo sua renúncia, a restauração do imposto sobre fortunas, que ele aboliu, e a instauração de um mecanismo de consulta popular. Os protestos também vêm inviabilizando a próxima fase de suas “reformas”, a da Previdência, destinada a piorar a anterior, cometida por Sarkozy em 2012.
Na faixa à frente da passeata o cartaz denuncia: “Nós vivemos num mundo onde os que ganham 100.000 euros por mês persuadem aqueles que ganham 1.800 de que tudo vai mal por causa dos que vivem com 535 euros”.
Depois de receberem esta semana a visita do vice-primeiro-ministro italiano e chefe do movimento 5 Estrelas Luigi Di Maio – encontro provocou uma crise diplomática entre França e Itália que promete se agravar se Roma insistir em se pronunciar a favor do movimento -, Macron teve que sair do Eliseu e tentar reconquistar o país em uma série de debates nacionais.
Por enquanto, segundo a última pesquisa de “YouGov” divulgada na quinta-feira (7), dois de cada três franceses seguem apoiando os “Coletes Amarelos” e opinam que a mobilização, a favor de uma melhoria do poder aquisitivo e das reformas para construir instituições mais representativas, é justa.
SUSANA LISCHINSKY