71 integrantes das Farc foram assassinados após assinatura de acordo de paz

Colombianos tomam as ruas contra sabotagem ao acordo de paz

Um relatório recentemente divulgado pelo Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (Acnudh) apontou que pelo menos 71 ex-integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foram mortos após o acordo de paz firmado com o governo de Juan Manuel Santos em 2016.

Os dados da carnificina foram apresentados pelo secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, durante o quarto informe da Missão de Verificação das Nações Unidas na Colômbia, ação que fiscaliza eventuais problemas em assuntos de segurança nacional.

“Todas as fontes, incluindo a Oficina da Acnudh na Colômbia, atestam que os assassinatos e ameaças contra líderes sociais e defensores dos direitos humanos não acabaram”, revelou Guterres.
A Unidade Especial de Investigação relatou que os crimes contra ex-combatentes foram registrados em 12 dos 32 departamentos, em todo o território colombiano , mas que “três quartos dos assassinatos se concentram em cinco departamentos: Nariño (16), Antioquia (14), el Cauca (12), Caquetá (8), Norte de Santander (7)”.

“O processo de paz não está isento de sérios desafios e ainda que tenha sido marcada por controversas políticas, a importância do acordo para o futuro do país tem ainda mais validade agora”, escreveu o representante da ONU.

“Neste mesmo alerta, destacamos a existência de múltiplos fatores por trás desses assassinatos, incluindo a participação das vítimas na defesa da terra e dos recursos naturais”, disse Guterres.
Em carta enviada à Comissão de Paz do Congresso da Colômbia, Iván Márquez e Óscar Montero, dirigentes das Farc (hoje o partido Força Alternativa Revolucionária do Comum) condenaram “três atos de insensatez” que estão levando o processo de paz ao abismo: “a insegurança jurídica, as modificações do texto original e o descumprimento de aspectos essenciais do acordo”.

Segundo ambas lideranças das Farc, a Jurisdição Especial de Paz (JEP) que existe atualmente não foi a acordada, mas a que queriam o promotor geral, Néstor Humberto Martínez, e os “inimigos da concórdia”, como o embaixador dos Estados Unidos no país. “Estamos diante de um descarado abuso no exercício do poder, mesclado com uma rendição inaceitável da nossa soberania jurídica a uma potência estrangeira”, denunciaram.

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