Principal candidato da oposição à Presidência da Colômbia, o ex-prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, foi vítima de um atentado organizado por paramilitares na última sexta-feira em Cúcuta. Conforme denúncia da frente Colômbia Humana e dos integrantes da Lista da Decência ao Congresso, a ação criminosa foi promovida por centenas de marginais que chegaram em sete ônibus para sabotar o comício e agredir o candidato, o que efetivamente ocorreu.
De acordo com Petro, a mando das autoridades locais, a polícia agiu abertamente para sabotar o evento, uma vez que seu veículo deveria ter sido conduzido até o comício, no parque Santander, mas foi desviado para um local vulnerável, em que passou a ser agredido e golpeado. No começo de fevereiro, mercenários já haviam atacado o candidato a presidente das FARC (Força Alternativa Revolucionária do Comum), Rodrigo Londoño “Timochenko”.
Petro alertou que as autoridades do Estado e o ex-prefeito Ramiro Suarez – que se encontra preso, a quem acusou de paramilitar e assassino -, tentaram impedir que denunciasse que a Colômbia é o terceiro país com maior desigualdade social do planeta. Condenando a concentração de renda, o candidato defendeu a “construir uma economia produtiva”, gerando empregos, fortalecendo salários e garantindo direitos.
Para os representantes da Colômbia Humana, resulta sintomático que todas estas agressões venham ocorrendo sem que haja uma única reação visível e enfática da polícia, que se mostra permissiva e até cúmplice, assim como do governo, que emite pronunciamentos genéricos que redundam, concretamente, em cumplicidade.
A frente oposicionista alertou ainda para o ódio semeado por dirigentes e porta-vozes dos partidos de direita e ultra-direita, que espalham o terror pelas inúmeras regiões do país. E citou o exemplo da Antióquia, onde a candidata ao Senado na Lista da Decência, Aída Avella, foi vítima de um reconhecido extremista defensor de Álvaro Uribe, atual apoiador do ex-procurador Ordóñez.
Um dos casos mais graves, alertaram os oposicionistas, foi o recente ataque à sede do Sindicato dos Trabalhadores da Construção (Sutimac). Ali os militantes foram submetidos a um “cerco de mais de quatro horas de terror”, que deixou quatro pessoas feridas e causou inumeráveis danos à edificação.
A proximidade das eleições legislativas e presidenciais que ocorrerão, respectivamente, em março e maio de 2018, tem elevado a tensão no campo e na cidade, com mais de 60 casos de violência registrados desde dezembro contra líderes sociais e políticos de oposição.