As prévias para a presidência da Colômbia, ocorridas no último domingo, definiram os dois principais nomes: Gustavo Petro, do Movimento Colômbia Humana, candidato das forças nacionalistas e progressistas, e Iván Duque, do Centro Democrático, apoiado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, abertamente contrário aos acordos de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Ex-prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, foi o grande ganhador da Consulta Inclusão Social pela Paz, e encabeçará a oposição. Com 99,67% das urnas apuradas, alcançou 2.848.868 votos (84,69%), frente aos 514.805 votos de seu companheiro Carlos Caicedo (15,30%), ex-prefeito de Santa Marta. “Largamos juntos com mais de 3.300.000 votos e vamos para frente”, frisou Petro.
Candidato da Grande Consulta por Colômbia, Duque obteve 4.032.736 votos (67,73%) e, apesar de contar com toda a parafernália de manipulação dos conglomerados midiáticos e do terror aberto dos grupos paramilitares, não atingiu o resultado esperado.
“O fato é que ganhamos de Duque em boa parte do país: na Costa, no Pacífico, em Bogotá. Duque nos ganha por uma distância grande em Antióquia e no Eixo Cafeteiro, enquanto não há grande diferença na capital. Agora vamos trabalhar para consolidar a maioria eleitoral em todo o país”, sublinhou Gustavo Petro. O líder oposicionista agradeceu ao povo colombiano pela expressiva votação e conclamou a todos a partir com ainda mais determinação para derrotar a candidatura do retrocesso.
Entre os inúmeros atos de violência cometidos contra a candidatura de Petro ao longo da campanha, vale destacar a recente tentativa de assassinato em Cucutá. Na capital do norte de Santander, depois de ordenar que se desmontasse o palanque do comício da oposição, o prefeito deu ordens para que a Polícia não prestasse qualquer segurança. “Provavelmente havia um franco-atirador frente ao carro, outro atrás e outro ao lado, porém todos estavam mais ou menos na mesma posição”, relatou Petro, frisando que seu carro foi alvejado várias vezes. “Isto foi premeditado. Havia caído numa armadilha. O objetivo não era sabotar a manifestação, mas me matar”, frisou.
Contra as FARC, hoje Alternativa Revolucionária do Comum, a repressão foi ainda mais violenta e o partido recém legalizado viu tombarem dezenas de dirigentes e militantes. Diante do agravamento do cerco e dos problemas de saúde de seu candidato, Rodrigo Londoño – o comandante Timochenko -, as FARC anunciaram que não vão mais disputar a eleição presidencial deste ano.
Responsável pelas negociações de paz, o presidente Juan Manuel Santos desejou êxitos a Timochenko em sua cirurgia e anunciou que uma equipe negociadora irá adiantar a “agenda de diálogos” com os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), além de firmar uma nova suspensão de hostilidades. “A paz, como já vimos com o processo com as FARC, traz o maior benefício para todos. A paz salva vidas”, defendeu Santos.
No campo oposto está Ivan Duque: “é uma vergonha nacional o desperdício e uma justiça à medida das pretensões de impunidade das FARC”.