Dos palestinos expulsos, quase a metade tiveram suas casas destruídas em sua própria terra. Enquanto isso, entre 1º de novembro de 2022 e 31 de outubro de 2023, 24.300 casas para colonos foram adicionadas aos assentamentos israelenses na mesma área, segundo relatório da ONU
A expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia que aumentaram nos últimos anos, em linha com os despejos forçados e as demolições de casas palestinas, constitui um crime de guerra de acordo com o direito internacional e ameaça eliminar qualquer possibilidade prática de um Estado palestino viável, afirmou Volker Türk, Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, na sexta-feira (8).
O relatório foi apresentado no Conselho de Direitos Humanos em Genebra dois dias depois das autoridades israelenses terem avançado no processo de aprovação para a construção de 3.476 novas casas para colonos em três assentamentos na Cisjordânia: 694 casas em Efrat, 2.452 em Mahale Adumim e 330 em Kedar.
“Essas transferências constituem um crime de guerra pelo qual os envolvidos podem incorrer em responsabilidade criminal individual”, alertou Türk.
O informe registra que entre 1 de novembro de 2022 e 31 de outubro de 2023, 24.300 casas habitadas por colonos foram adicionadas aos assentamentos israelenses na Cisjordânia, o maior número desde que esta contagem começou em 2017.
A Cisjordânia é um território palestino sem saída para o mar perto da costa mediterrânea do Levante, que faz fronteira com a Jordânia e o Mar Morto ao leste e com Israel ao sul, oeste e norte. Sob ocupação israelense desde 1967, a área está dividida em 160 enclaves palestinos sob governo civil parcial da Autoridade Nacional Palestina e 230 assentamentos israelenses.
ÚNICA SOLUÇÃO POSSÍVEL É FIM DA OCUPAÇÃO
O aumento de atos violentos contra palestinos civis naquela área após 7 de Outubro também foi denunciado no informe, com pelo menos 603 casos confirmados nos últimos cinco meses em que 405 pessoas morreram: 396 nas mãos das forças de segurança israelenses. Nestes ataques, 1.222 palestinos foram expulsos à força das suas casas, incluindo 592 cujas casas foram demolidas sob o argumento de que não tinham licenças de construção, quase impossíveis de obter, mostrou o relatório.
“A violência e os abusos dos colonos atingiram novos níveis chocantes, arriscando eliminar qualquer possibilidade prática de estabelecer um Estado palestino viável”, assinalou Türk. “Estas ações de Israel contra a população palestina devem parar imediatamente. A única forma possível é uma solução pacífica que ponha fim à ocupação, estabeleça um Estado Palestino e garanta o cumprimento dos direitos fundamentais da sua população”, sublinhou.
UNIÃO EUROPEIA CONDENA ASSENTAMENTOS
O Ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, detalhou que Israel concedeu 18.515 novas licenças de construção a colonos na Cisjordânia desde o ano passado, sendo criticado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa setores da Cisjordânia, argumentando numa declaração que “os assentamentos são ilegítimos e ilegais à luz do direito internacional e constituem um fator na continuação do conflito e no ciclo de guerras e violência, bem como uma ameaça à segurança e estabilidade da região”. “Pedimos sanções internacionais dissuasivas sobre todo o sistema racista de assentamento colonial e a imposição de sanções contra Smotrich e (o ministro israelense da Segurança Nacional) Itamar Ben Gvir”, sublinhou.
A União Europeia também condenou a construção dessas moradias. “É completamente inconsistente com os esforços para reduzir as tensões na atual guerra em Gaza”, afirmou o bloco regional num comunicado, chamando o governo israelense para reverter urgentemente a decisão que adotou e insistindo que os assentamentos são ilegais de acordo com o direito internacional.
MASSACRES CONTINUAM
As forças de ocupação israelenses cometeram um total de 10 massacres contra famílias na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, resultando na trágica morte de 82 palestinos e deixando outros 122 feridos, segundo relatórios do Ministério da Saúde do enclave, no sábado (09).
As autoridades de saúde locais confirmaram que o número de mortos desde 7 de Outubro aumentou para 30.960 vítimas palestinas, com mais 72.524 pessoas feridas.