Procuradoria também pediu a suspensão do porte de arma da parlamentar, além da apreensão das munições do armamento usado pela deputada
A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou, com quase dois meses de atraso, nesta segunda-feira (19), ao Supremo Tribunal Federal (STF), a apreensão da arma da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
Os pedidos foram feitos pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, no contexto do processo sobre o fato de a deputada ter apontado arma de fogo contra o jornalista negro, Luan Araújo, apoiador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em São Paulo.
O fato ocorreu, no dia 29 de outubro, num sábado, véspera do segundo turno das eleições presidenciais.
SUSPENSÃO DO PORTE DE ARMA
A PGR também pediu, na ação, a suspensão do porte de arma da parlamentar, além da apreensão das munições do armamento, que teria sido usado pela deputada bolsonarista.
Na manifestação, a vice-procuradora-geral da República disse que as medidas cautelares solicitadas são necessárias para “evitar a prática de infrações penais”, por parte da parlamentar.
Para Lindôra, as medidas são “compatíveis com a gravidade do crime em apuração, as circunstâncias do fato e as condições pessoais da investigada que, na qualidade de parlamentar federal, apontou arma de fogo contra popular por desavenças verbais e políticas”.
O relator da ação no STF é o ministro Gilmar Mendes. Não há prazo para que ele se manifeste a respeito do pedido da PGR.
ENTENDA OS FATOS
A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli sacou arma de fogo e apontou para homem no meio da rua nos Jardins, área nobre de São Paulo, na tarde do dia 29 de outubro, véspera das eleições, após uma desavença política. Empunhando pistola, ela atravessou a alameda Lorena, perto do cruzamento com rua Joaquim Eugênio de Lima, e seguiu em direção ao bar onde o homem havia entrado para se refugiar. Um tiro foi disparado por um segurança de Zambelli.
Em vídeo que registrou a cena, filmado pelo jornalista Vinícius Costa, que estava com amigos no bar onde ela entrou, é possível ouvir a parlamentar gritar: “Deita no chão”.
VERSÃO INVERÍDICA DA DEPUTADA
Outro vídeo gravado por pessoas que presenciaram o episódio, entretanto, mostra que, momentos antes de apontar a arma, a deputada havia tropeçado e caído no chão quando tentava perseguir o homem. Em seguida, segurança da parlamentar a socorreu e também, segurando arma, passou a perseguir o jornalista Luan Araújo. No registro, ainda é possível ver que o segurança chutou o homem e ouvir barulho de tiro.
Nas redes sociais dela, Zambelli mostrou machucado no joelho e disse que, antes de sacar a arma, havia sido cercada e agredida.
Momentos depois, Zambelli divulgou vídeo nas redes sociais contando a versão dela.
“Tô fazendo um boletim de ocorrência. Eu fui agredida. […] Me empurraram no chão. Um homem negro. Eles usaram um negro pra vir em cima de mim”, disse Zambelli no vídeo. De tudo isso, o que fica evidente é o racismo da deputada.
FAKE NEWS
“Eram vários. Aí eu estava aqui saindo do restaurante, eles tinham visto a gente antes, no vidro aqui, vários homens se aproximaram, uma mulher de camiseta vermelha ficou do lado de lá dando cobertura”, relatou.
“Todos eles se evadiram. […] E aí quando me empurrou, eu caí, saí correndo atrás dele, falei que ia chamar a polícia, que ele tinha que ficar aqui para esperar polícia chegar”, acrescentou.
M. V.