Após cinco altas seguidas, o setor não recupera perdas da pandemia. Em outubro cresceu 1,7%, mas está 6,1% abaixo do patamar de fevereiro
O resultado positivo de 1,7% do setor de serviços em outubro, na comparação com setembro, a quinta alta seguida, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (11), não foi suficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia entre fevereiro e maio (19,8%). No ano, a queda acumulada é de 8,7%.
Com isso, o setor de serviços se mantém 6% abaixo do patamar de fevereiro e 16,6% distante do pico da série histórica, de novembro de 2014.
“Além dessas cinco taxas positivas consecutivas, a gente observa que a magnitude desse crescimento é cada vez menor. E mesmo que a gente tenha acumulado essa sequência de taxas positivas, ela ainda foi insuficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia”, afirmou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Para o pesquisador, “é praticamente impossível”, o setor recuperar em 2020 as perdas observadas durante a pandemia. Lobo classificou como “irrelevante” o resultado positivo na passagem de setembro para outubro, frisando que, em 12 meses, o volume de serviços recuou 6,8%. Sem dar previsões, observou que, estatisticamente, o ano de 2020 caminha para encerrar com queda no setor de serviços.
“Faltando dois meses para encerrar o ano, podemos dizer com certa margem de segurança que, fatalmente, o setor de serviços terá a queda mais intensa de toda a série histórica para o acumulado do ano, que até então foi registrada em 2016, com queda de 5%. Para o setor fechar 2020 no campo positivo, teria que ter taxas estratosféricas de crescimento nos meses de novembro e dezembro, o que é impensável. Sobretudo se a gente considerar o repique da pandemia, com a possibilidade de retomada das medidas de isolamento social”, declarou Rodrigo Lobo.
Setores
Englobando atividades que respondem por cerca de 70% da formação do Produto Interno Bruto (PIB) do país, a queda nos serviços no resultado anual foi generalizada entre quatro dos cinco segmentos pesquisados.
O impacto mais relevante para a queda foi o segmento de serviços prestados às famílias, que no acumulado do ano teve retração de 37,7%. Isso reflete o desemprego recorde e a queda na renda das famílias, também consequência da falta de política econômica que pudesse amortecer os efeitos da pandemia.
Além da incompetência na gestão de medidas de socorro por parte do governo federal, a tese de que a economia está em plena recuperação é falsa também em perspectiva, já que estamos assistindo uma nova onda de casos do coronavírus no país, que está exigindo novas medidas de isolamento e restrição de atividades econômicas, o que vai atingir ainda mais o setor de serviços, como bares, restaurantes, turismo.
Os serviços de transporte, também de grande relevância na composição geral, acumulou no ano até outubro uma queda de 8,5%.