
Lucro do três maiores bancos privados no país (Bradesco, Itáu e Santanter) no período ultrapassa R$ 20 bilhões
Confirmando a expectativa de lucros extraordinários dos bancos, também para 2025, o Bradesco veio com lucro agigantado no primeiro trimestre do ano, no valor de R$ 5,86 bilhões, uma alta de 39% em relação ao mesmo período de 2024 e de 8,6% superior ao obtido no quarto trimestre de 2024.
O retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) anualizado ficou em 14,4%. No primeiro trimestre de 2024 foi de 10,2%.
Somado aos lucros, no mesmo trimestre, do Itaú (R$ 11,1 bi) e do espanhol Santander (R$ 3,86 bi), juntos, os três maiores bancos privados do país totalizaram lucros de R$ 20,82 bilhões, algo como 350 mega-senas.
Por outro lado, no primeiro trimestre de 2025, a indústria brasileira, “sob influência da alta das taxas de juros”, vem desacelerando.
“No 1º trim/25 como um todo, a produção da indústria brasileira cresceu +1,9% frente ao mesmo período do ano passado, aprofundando a desaceleração já sinalizada do 3º trim/24 para o 4º trim/24, quando havia registrado +3,9% e +3,1%, respectivamente”, assinalou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).
Os juros reais (descontada a inflação) em 9% encarecem o crédito, desestimulam investimentos, dificultam o crescimento da economia e só favorecem bancos e demais rentistas.
A origem de resultados tão favoráveis aos bancos não tem segredo é só olhar para as taxas de juros praticadas pelo banco e seus congêneres. Na média, segundo o Banco Central, temos para pessoas físicas, o cartão de crédito rotativo com juros de 445% ao ano, o parcelado 181,% a.a., o crediário mais barato, ou seja, o consignado para servidores públicos em 26% a.a., em três anos você compra uma geladeira e paga duas.
Para as empresas, os juros são, em geral, em percentuais menores do para pessoas físicas, mas o desconto de duplicatas e da antecipação das faturas do cartão de crédito, as operações mais comuns para obtenção de capital de giro, ambos na faixa de 17% ao ano, é como arrumar um novo sócio. Muito acima dessas taxas estão, novamente o cartão de crédito, 119% a.a. no parcelado e 186% no rotativo.
O presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, em nota, referenda os bons resultados, na obtenção de juros ao declarar que: “No primeiro trimestre do ano, o crescimento das receitas (juros obtidos) foi a principal razão de melhora da nossa rentabilidade, e esse deve ser o padrão deste ano. Avançaremos, mantendo a boa qualidade das novas safras de crédito, fazendo créditos principalmente com garantias”.
Com a política de juros básicos (Selic) na estratosfera, no patamar dos 14,75% a.a., com intenção declarada de travar a economia, o Banco Central coloca um número cada vez maior de famílias e empresas em dificuldades financeiras, daí a ênfase nas “garantias” na declaração de Noronha. É como dar corda para enforcado. Não recebendo o empréstimo, o banco se apropria dos bens ou do patrimônio do endividado. É assim que a concentração de renda e o patrimônio acontecem e crescem.