
Aliança formada por Brasil, Chile, Colômbia, Uruguai e Bolívia para apoiar Albert Ramdin derrotou o candidato de Trump, o paraguaio Rubén Ramirez Lezcano que, isolado, retirou a candidatura
O chanceler do Suriname, Albert Ramdin, foi eleito secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) com apoio do Brasil e outros países que conseguiram barrar a candidatura patrocinada por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.
Com o fortalecimento de Ramdin, o governo do Paraguai retirou a candidatura de seu chanceler, Rubén Ramirez Lezcano, que tinha o apoio de Trump. Nesta segunda-feira (10), a eleição do surinamês aconteceu por aclamação.
A principal virada nesta eleição aconteceu por conta da aliança feita entre Brasil, Chile, Colômbia, Uruguai e Bolívia para apoiar Albert Ramdin. Isso abriu espaço para que novos países também o fizessem. Ramdin já foi secretário-adjunto da Organização entre 2005 e 2015.
Donald Trump e seu governo deram bastante importância para a disputa na OEA e saem dela derrotados. O presidente dos EUA recebeu Rubén Ramirez Lezcano em sua mansão em Mar-a-Lago, na Florida, para discutir a candidatura. Elon Musk bilionário dono da Tesla e do X (antigo Twitter), fez o mesmo.
O chanceler paraguaio deu declarações anti-China, como defendendo a “soberania” de Taiwan, e alinhados à política contra a imigração pregada pelo governo dos EUA.
Na reunião após a eleição, a representante brasileira Maria Laura da Rocha, que é secretária-geral do Ministério das Relações Exteriores, destacou que a OEA atuou de forma discriminatória entre os países membros e “perdeu a legitimidade e relevância em determinados temas”.
Ela disse que a OEA esteve “embalada por um maniqueísmo reminiscente da Guerra Fria, mas com novas roupagens”.
“Foi o momento das doutrinas de segurança nacional baseadas no combate ao inimigo interno: suspendia-se Cuba do convívio interamericano, mas paradoxalmente, em nome da democracia, não se discutia a tortura, os desaparecimentos forçados, a censura e o arbítrio de ditaduras militares que prometiam salvação contra a suposta ameaça comunista”, alertou.
“O ambiente político na última década impôs novos desafios, a lógica da exclusão, da estigmatização e do isolamento dos que pensam diferente voltou a dar as cartas em certas instâncias. No lugar do diálogo, da diplomacia e da negociação, a Organização optou, em certos casos, pela sanção e pelo opróbrio público daqueles que foram considerados em conflito com os padrões comuns”, criticou.
“A OEA perdeu legitimidade e relevância em determinados temas e viu minguar sua capacidade de aportar soluções, notadamente para crises como as da Venezuela e da Nicarágua”, continuou.
Em referência à truculência trumpista, e embaixadora brasileira falou da “confiança e legitimidade que emergem da força do direito internacional e do multilateralismo como antídotos contra o caos e a anarquia que se instalam quando prevalece o unilateralismo da lei do mais forte”.
Em 2019, o presidente da OEA, Luis Almagro, que deixará o cargo em 25 de maio, chegou a reconhecer Juan Guaidó como autoproclamado presidente da Venezuela. O então presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, também fez esse movimento.