
“A queda, certamente, é influenciada pelo aumento da taxa de juros que vem ocorrendo desde o fim do ano passado”, afirma economista da CNI
Em maio de 2025, a Intenção de investimento na indústria chega ao quinto mês consecutivo em recuo e atinge o menor nível desde novembro de 2023, revela a pesquisa Sondagem Industrial, divulgada nesta quinta-feira (22) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
No mês, o indicador recuou 0,3 ponto, para 56,1 pontos, acumulando uma queda de 2,7 pontos desde o pico registrado em dezembro do ano passado. O responsável pela falta de ânimo do empresariado em investir é a alta taxa de juros do Banco Central (BC), hoje em 14,75% ao ano.
“A queda da intenção de investimento é gradual e, certamente, é influenciada pelo aumento da taxa de juros que vem ocorrendo desde o fim do ano passado”, critica o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, ao alertar que todos os índices de expectativa dos empresários da indústria para os próximos seis meses recuaram em maio, veja a seguir:
- Demanda esperada: queda de 1,3 ponto
- Compra de matérias-primas: redução de 1,0 ponto
- Exportações: declínio de 0,5 ponto
- Número de empregados: baixa de 0,4 ponto
Apesar das quedas, todos os indicadores se mantêm acima da linha de 50 pontos, que separa otimismo de pessimismo. Para a pesquisa, a CNI consultou 1.492 empresas: 597 de pequeno porte; 520 de médio porte; e 375 de grande porte, entre 5 e 14 de maio de 2025.
Os dados de abril apontaram um cenário de retração tanto nos índices que mede a evolução da produção industrial como no que mede o número de empregados no setor.
No quarto mês de 2025, o índice de evolução da produção industrial foi de 47,8 pontos. Quando o índice fica abaixo dos 50 pontos, isso significa que os empresários apontaram queda da produção. O mesmo ocorre com o número de empregados. Na passagem de março para abril, o índice que mede a evolução dos postos de trabalho industriais registrou 49,2 pontos.
Conforme a CNI, ainda, o índice que mede a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) manteve-se estagnado em 69%, um ponto percentual abaixo do registrado em abril de 2024. Por sua vez, os estoques de produtos acabados continuaram sua trajetória de queda, com o indicador fechando abril em 49,5 pontos, abaixo do registrado em março.
Já o índice de estoque efetivo em relação ao planejado pelas empresas subiu de 48,9 pontos em março para 49,3 pontos em abril. Essa aproximação da linha dos 50 pontos indica que a diferença entre os estoques reais e os níveis desejados pelas empresas está diminuindo.
“A queda dos estoques mostra que a demanda por produtos industriais ainda tem alguma força, embora isso esteja diminuindo desde o fim do ano passado”, afirma Marcelo Azevedo.