Durante a visita do presidente Alberto Fernández a Pequim em fevereiro, foi acordado que o governo chinês financiará 10 projetos de grande relevância para a Argentina. No mês seguinte, a lista foi ampliada com mais 16 projetos que ainda aguardam aprovação. O mais importante deles é a construção do segundo entroncamento do gasoduto Néstor Kirchner, uma das principais apostas do governo para alcançar a autossuficiência energética do país, a cargo da empresa estatal Integração Energética (IEASA).
A “Seção 2”, que terá financiamento chinês, será a obra que ligará o sistema da província de Buenos Aires e a de Santa Fé. Será necessário um investimento de US$ 1,9 bilhão segundo cálculos oficiais.
Ainda está em curso com o país asiático a possibilidade de financiamento do tronco 3 da obra do gasoduto, que visa ligar o Litoral argentino ao sul do Brasil para comercializar combustível entre os dois países vizinhos.
Em março passado, entrou em vigor o memorando de acordo pelo qual a Argentina entrou oficialmente na Rota da Seda, nome da iniciativa da China para financiar obras de infraestrutura, principalmente em países com problemas econômicos, afastando eles das rédeas financeiras encabeçadas pelos Estados Unidos.
O Secretário de Energia, Dario Martinez, declarou: “Inicia-se assim o processo de construção da obra de Transporte de Gás mais importante do nosso país nas últimas 4 décadas. É tal a sua magnitude, que permitirá transportar até 44 milhões de m3 de gás por dia, produzido com o trabalho de argentinos e de empresas argentinas, que chegará a mais residências, indústrias e usinas termelétricas, substituindo o GNL e o Gasóleo importados, e economizando bilhões de dólares para o País”.
Uma das diretoras do Banco de Investimento e Comércio Exterior (BICE), María de los Ángeles Sacnun, avaliou que o acordo com a China vai permitir “retomar um projeto energético ao serviço do desenvolvimento nacional”. “Parece fácil, mas a verdade é que se traduz em um modelo político, econômico e social para a recuperação da indústria e do emprego”, sublinhou.
Maria de los Ángeles também assinalou que a obra permitirá a substituição de importações por mais de 1 bilhão de dólares por ano. “O investimento é retornado em apenas um ano, com a primeira seção”, disse. Na primeira etapa, o gasoduto ligará a província de Neuquén à cidade de Saliqueló. “Todo o processo já está em andamento depois que a obra foi paralisada durante o governo de Mauricio Macri”, informou.
“Há uma decisão de que este projeto avance rapidamente”, afirmou, ao indicar que “poderá haver uma redução de custos que tornará as empresas muito mais competitivas”. A este respeito, salientou que o efeito multiplicador será maior porque “impacta a balança comercial energética, o desenvolvimento regional e a criação de emprego”.
Conforme destacou, poderão ser gerados cerca de 6.000 empregos direta e indiretamente. “A obra tem que estar em andamento a partir de junho e faz parte do modelo econômico que é desenvolvido. Antes, eles destacavam que o gás era exportado, mas o consumo nas residências e nas indústrias entrou em colapso”, lembrou a ex-deputada. “Agora priorizamos o desenvolvimento soberano do país”, concluiu.