A conta de luz vai aumentar a partir deste mês de maio. As famílias terão que arcar com um custo adicional de R$ 4,169 para cada 100 KWh, conforme a bandeira vermelha nível 1 .O anúncio foi feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na sexta-feira (30).
Até abril as contas de luz vinham pagando um adicional de R$ 1,34 para cada 100 KWh, na faixa da bandeira amarela. O aumento desse custo na formação do preço final das tarifas não é nada menos do que 211%.
O aumento observa a tabela de bandeiras tarifárias que atribuem acréscimos sobre o consumo de energia elétrica, conforme a situação do nível de água dos reservatórios que geram essa energia e a necessidade de acionar a produção de energia pelas usina termoelétricas para atender a demanda, sendo que o custo do o KW das termoelétricas é maior.
Esses aumentos não são os estabelecidos para reajustes relativos aos custos de produção da energia elétrica que continuam ocorrendo.
O aumento da conta de luz acontece no momento em que a renda das famílias está se reduzindo drasticamente, com o aumento do desemprego para trabalhadores de carteira assinada, e perda de renda para todos os tipos de informais, com as restrições que a pandemia impõe, e a falta de apoio do governo federal, que com atraso, diminuição do número de beneficiados e no valor do Auxílio Emergencial agravou terrivelmente a situação.
Essas dificuldades vêm acompanhadas dos aumentos generalizados dos produtos da cesta básica. Arroz, feijão, óleo, carne, etc. O governo não cria condições para o isolamento social, atrasa com a vacina, deixa aumentar o contágio do vírus, não controla a pandemia e aprofunda a crise econômica.
O aumento da fome no Brasil é dramático nesse contexto. De acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar, 19 milhões de brasileiros estão passando fome no Brasil durante essa pandemia. Esse número representa 9 % da população conforme Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado recentemente.
Uma família consultada, de três pessoas, na periferia de São Paulo, com renda média de dois e meio salários mínimos (R$ 2.750,00), pagou em maio, referente abril, R$ 163,46 de conta de luz, com o acréscimo da bandeira vermelha, para 200 KWh, essa conta vai para R$ 171,80 ou 6,25% da renda familiar. Para ter um termo de comparação, em geral, um orçamento doméstico equilibrado teria de 20% a 30% comprometido com aluguel. É um desiquilíbrio visível comprometer mais que 6% apenas com a conta de luz.
Não haveria outros meios para controlar e reduzir o consumo de energia elétrica? Ao invés de um custo distribuído linearmente indistintamente por conta luz distribuí-lo por faixa de consumo médio, por exemplo. No ano passado, houve um período onde foi proibido o aumento das tarifas. Foi um esforço para aliviar os gastos da população durante a pandemia.
Os adicionais seguem a tabela de bandeiras em vigor desde 2015. A bandeira verde estabelece zero de adicional e corresponde a situação onde os reservatórios estão com níveis elevados de água. Nessa situação, a geração de energia elétrica não vai precisar do acionamento das usinas termoelétricas.
A bandeira amarela é fixada quando os níveis de água dos reservatórios não estão satisfatórios e, à conta de luz, é acrescido R$ 1,343 para cada 100 KWh de consumo. Pretende-se pressionar o consumidor a economizar no uso da energia.
No mesmo sentido, a bandeira vermelha, dividida em dois níveis, onera as conta de luz em R$ 4,169 para cada 100 KWh e no segundo patamar chega a R$ 6,243 para cada 100 KWh quando os reservatórios entram em estado de emergência, com muito baixo nível da água.