O professor da FGV e consultor econômico de Ciro Gomes (PDT) Nelson Marconi alerta: “o que eles não conseguiram avançar nesta agenda por causa da pandemia, voltaria à pauta com a continuidade deste governo”. Ele lamentou a polarização das eleições e a falta de discussões sobre as saídas para a crise econômica
A política econômica de Bolsonaro está mantendo o país como campeão mundial de juros altos e o Planalto transformou-se num balcão de entrega do patrimônio público a grupos estrangeiros. “A permanência dessa política é desastrosa para o Brasil”, afirma o professor Nelson Marconi, da FGV e consultor econômico de Ciro Gomes (PDT).
Caso Bolsonaro permaneça no governo, “a sua política econômica tende a acentuar seu caráter liberal, tentando acelerar o processo de privatizações e reduzindo o tamanho do Estado na economia”, disse o economista ao HP nesta segunda-feira (3), ao comentar o resultado das eleições presidenciais e o futuro do Brasil.
Para Nelson Marconi, além das eleições, a pandemia também atrasou as medidas contrárias aos interesses do país e da população que Bolsonaro planejava implementar e que, se ele derrotar a oposição e permanecer no governo, serão colocadas em prática. “Em função da pandemia eles não conseguiram avançar nesta agenda, mas acho que ela voltaria à pauta agora”, disse o economista.
Em suas redes sociais, Marconi também lamentou a polarização e o voto “útil” que, segundo ele, “venceram a eleição”. Ele criticou o fato de que o país não tenha discutido o futuro. “Uma pena”, disse ele. “Nosso Plano Nacional de Desenvolvimento, por sua vez, sai vitorioso por colocar na pauta do dia, e atribuir força, à discussão sobre o modelo econômico e as medidas que são necessárias para mudá-lo”, destacou o economista.
Apesar de medidas superficiais e eleitoreiras, tomadas nos últimos meses para tentar reverter a alta rejeição popular ao seu governo, a orientação geral do governo Bolsonaro conduz o país ao agravamento de crise econômica. A economia está estagnada, o país segue sendo desindustrializado, a fome já atinge 33 milhões de pessoas e o desemprego atormenta dez milhões de pais de família. Todos esses eram temas que Marconi considera que deveriam ser discutidos durante as eleições.