Com Bolsonaro no Palácio do Planalto, o preço nacional do gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente chamado de gás de cozinha, atingiu no mês de setembro a maior média mensal real deste século, R$ 98,7 o botijão de 13 kg – já ajustada pela inflação. Os dados são do Observatório Social da Petrobrás (OSP), entidade de pesquisa ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), ao Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (IBEPS) e ao Instituto Latino-Americano de Estudos Sócio-Econômicos (ILAESE).
Segundo o monitor do OSP, o litro da gasolina também bateu recorde, o preço médio, de R$ 6,092, foi o maior, em termos reais, desde fevereiro de 2003.
O OSP lançou uma ferramenta, “Monitor dos Preços dos Combustíveis”, com atualização semanal, que vai possibilitar aos consumidores acompanhar as variações e a evolução dos preços dos combustíveis a partir de julho de 2001. O indicador se dá no momento em que os preços dos combustíveis estão nas alturas e Bolsonaro joga a culpa nos governadores, no ICMS dos Estados, para proteger a maléfica política de atrelar os preços dos combustíveis ao Preço de Paridade de Importação (PPI), de acordo com as cotações do dólar e do mercado internacional.
Para o Observatório, o PPI é o principal vilão do aumento dos preços dos combustíveis no país. “Desde a implementação do PPI, os preços cobrados pelos derivados de petróleo no país não param de subir, chegando em 2021 a valores deslocados totalmente da realidade dos brasileiros. Gasolina a R$ 7 e gás de cozinha a R$ 100, passaram de pesadelo à realidade. Estamos há 16 meses seguidos com aumento no preço médio nacional do GLP, 11 meses consecutivos de crescimento do GNV e cinco meses seguidos de alta na gasolina e no diesel”, denuncia o Observatório. “Muitos pensam que o culpado pelo aumento dos combustíveis é o alto imposto. Entretanto, a média nacional do ICMS é a mesma desde 2014: 27,6%. O que mudou de 2014 para cá foi a política de preços da Petrobrás”, afirmam.
Na comparação com o salário mínimo, o monitor indica uma tendência de queda da proporção combustível/remuneração mínima ao longo da maior parte do século XXI. Esse cenário foi interrompido entre os anos de 2015 e 2017, quando a política de preços da Petrobrás mudou e os ganhos reais do salário mínimo se arrefeceram. “Em janeiro de 2015, o preço de um botijão de 13kg de GLP representava 5,7% de um salário mínimo. Hoje ele equivale a 9%”, segundo o economista Eric Gil Dantas, do Ibeps.
Na semana passada, 26 de setembro a 2 de outubro de 21, o botijão de gás de 13kg pode ser encontrado no Centro Oeste com a máxima de R$ 135, e nas demais regiões (Nordeste, Norte, Sudeste e Sul) acima dos R$ 115, segundo a ANP. Estes preços fazem com que famílias mais carentes comprem líquidos inflamáveis em postos de combustíveis e mercearias para fazer fogareiros – prática que tem levado brasileiros aos hospitais com queimaduras graves após explosão de combustíveis.