O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontou que, em 2019, foram registradas 89.178 queimadas na Amazônia, número 30% superior a 2018.
Em agosto, mês em que o diretor do Inpe, Ricardo Galvão, foi levado a exonerar-se do cargo pela perseguição de Bolsonaro, por ter sustentado que a alta das queimadas identificadas pelos satélites era verdadeira, 31 mil focos foram identificados.
Esse foi o maior número registrado para o mês desde 2010.
A queimada é o principal método utilizado pelos pecuaristas para a utilização de novas áreas. No Pará, mais de 70 desmatadores se reuniram através de um grupo no Whatsapp para realizar o “Dia do Fogo”, a maior queimada da história do estado.
Segundo Bolsonaro, porém, os incêndios foram causados por ONGs interessadas em manter seus patrocínios. Ele chegou a dizer que o ator Leonardo DiCaprio estava “dando dinheiro para tacar fogo na Amazônia”.
Em outubro, durante discurso para um fórum de investidores na Arábia Saudita, Bolsonaro disse que as queimadas foram potencializadas “por mim exatamente porque não me identifiquei com políticas anteriores adotadas no tocante à Amazônia”.
Também no Pará, a Polícia Civil tentou seguir o caminho de Bolsonaro, prendendo quatro brigadistas da região e acusando-os de terem incendiado a floresta. As próprias conversas obtidas pela polícia provam que essa história era mentirosa.
Segundo o climatologista do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), Carlos Nobre, também não “se pode atribuir as queimadas na Amazônia ao clima”. “A floresta é muito úmida. Cerca de 99,9% do fogo que os satélites detectaram foram provocados por seres humanos”, frisou.
Para Ricardo Abramovay, professor do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, o discurso de Bolsonaro e de seus ministros “estimulou a volta de atores privados para áreas que haviam sido proibidos de manter suas atividades e ocupações. Isso foi um sinal de que vale a pena arriscar desmatar”.
Também houve, sob o governo Bolsonaro, “o completo desmantelamento dos órgãos de fiscalização”, disse Abramovay.
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