Preço das carnes vermelhas continuam subindo e as carnes mais baratas ficando mais caras
Pé de frango, pescoço e carcaça passaram a ser alternativas viáveis para as famílias brasileiras, cujas rendas já não conseguem acompanhar a escalada do preço das carnes e a inflação no país. Em doze meses, o preço da carne bovina subiu cerca de 25% e a carne de frango, 29%.
Com o aumento da procura e dos custos de produção, até mesmo os cortes considerados de “terceira” tiveram alta no último período – chegando a dobrar em alguns casos.
Em comparação com o início do ano, o pé de frango, por exemplo, subiu em média 20%. Nos supermercados, o preço era de R$ 4,90 há três meses, agora beira R$ 8. O pescoço de frango, que custava R$ 3, agora está quase R$ 9. Com o aumento da procura por famílias mais carentes, alguns açougues que antes não ofereciam pé de frango e pescoço de frango, por exemplo, passaram a oferecer o produto por solicitação dos clientes.
“A partir do momento que o poder aquisitivo caiu, e a capacidade de comprar aquele produto de primeira, a carne de primeira, vem diminuindo, está tendo uma busca em cima de produtos mais baratos. O pessoal primeiro migrou para carne de segunda, as carnes continuaram subindo no mercado, agora migrou para carne de terceira. É aquela lei de mercado. Simplesmente se um produto tem mais procura acaba até esse produto que já seria final de linha do consumo, ele começa a esboçar um certo aumento”, explica Paulo Rossi Junior, coordenador do Centro de Informação do Agronegócio – UFPR.
Enquanto vê a população formando filas para recolher restos de mercados e açougues, o governo Bolsonaro continua deixando tudo por conta “da lei do mercado”, quando os preços dos alimentos poderiam ser administrados. Não é só para colocar comida na mesa que a população anda sofrendo: a inflação geral do país atingiu em setembro os dois dígitos (10,25%) e a maior variação dos últimos 27 anos. Além dos alimentos, outros preços que poderiam ser controlados como energia elétrica, botijão de gás e os combustíveis são os que mais pressionam a inflação.