
Ao mesmo tempo que Bolsonaro prometeu reajuste salarial aos 45 mil policiais federais, abandonou cerca de 1 milhão de servidores com a remuneração congelada há cinco anos, desde o dia 1º de janeiro de 2017, e com um arrocho salarial de 27,2%.
Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional Permanente das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), que representa 200 mil servidores, disse ao HP que Bolsonaro “mexeu num vespeiro. É moralmente inaceitável”. Conforme Rudinei, “os policiais federais conquistando seus direitos ajudam na mobilização”.
Ele avalia haver uma insatisfação geral e Bolsonaro acendeu o pavio. “Começamos a articular uma forte paralisação. A mobilização está bem maior que a do governo Dilma, há nove anos. Dilma não queria conversar, dizia que os servidores tinham sangue azul. Bolsonaro consegue fazer pior, porque está protagonizando uma ingerência política nos órgãos de carreira e assédio moral e institucional”, destacou.
Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal, que representa o chamado “carreirão”, 800 mil servidores da base da pirâmide do serviço público, informou que no dia 14 de janeiro haverá uma assembleia. A intenção é transformar isso numa mobilização geral como fizemos com a PEC 32. A entidade avalia se unir à elite das carreiras públicas e deflagrar uma grande paralisação neste início de 2022.
“Não é possível que 97% do funcionalismo sejam jogados ao relento e acharem isso normal”, declarou ao Correio Brasiliense. Para ele, “o tratamento diferenciado desperta a indignação das categorias preteridas, que também são as que estão na base da pirâmide dos salários”.