A estagnação da economia atingiu em cheio o número de lojas no país, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio. O saldo entre lojas abertas e fechadas, nos primeiros três meses do governo Bolsonaro ficou negativo em 39 unidades, a primeira queda desde o quarto trimestre de 2017.
O comércio varejista voltou a fechar mais lojas do que abrir em meio à crise que derrubou a produção industrial, as vendas do comércio varejista e o volume do setor de serviços no primeiro trimestre deste ano.
Apesar do pequeno número de lojas que encerraram suas atividades, no último trimestre de 2018 o saldo entre abertura e fechamento de lojas foi positivo em 4,8 mil unidades.
Segundo o economista-chefe da CNC, responsável pelo estudo, Fabio Bentes, a expectativa era de que 2019 encerrasse com a abertura líquida de 22 mil lojas. “Essa previsão vai derreter como todas as previsões de indicadores têm derretido. Seguramente não vamos ter crescimento no número de lojas e há o risco de que o ano termine com um número negativo”, diz Bentes.
Os dados de abertura de lojas fazem parte de estudo da CNC feito com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O desemprego recorde, atingindo 13,4 milhões de brasileiros entre 28 milhões no subemprego, além da renda arrochada e os altos juros ao consumidor, reforçam a avaliação do economista da CNC de que este será mais um ano perdido para a expansão do varejo. “Os números mostram que o varejo está indo para o ralo de novo e quem tinha planos de expansão deve estar engavetando”, declarou Fabio Bentes.
Ele lembra que no fim do ano passado, pesquisa feita pela CNC apontava que quase metade dos entrevistados pretendia abrir lojas ou ampliar as existentes. Hoje, esse indicador está abaixo de 40%.
Situação dramática
Entre os segmentos que mais fecharam lojas no primeiro trimestre estão o de vestuário e de calçados, cerca de 400. Foi também os que mais demitiram no período: 65,7 mil pessoas, de um total de 101,4 mil funcionários no varejo como um todo.
“O segmento de vestuário é o mais democrático do varejo, tem tíquete médio para todos os bolsos”, afirma Bentes. Para ele, o fato de esse segmento ser o mais atingido revela a grande abrangência da crise.
Com informações do Estadão