Mês encerrou com saldo negativo de R$ 5,3 bilhões
A caderneta de poupança, no mês de fevereiro, encerrou com um saldo negativo de R$ 5,3 bilhões, resultado de R$ 260,0 bilhões de depósitos e R$ 265,3 de retiradas. Em janeiro o saldo foi de R$ 19,6 bilhões, o maior resultado negativo para um único mês desde 1995.
Ao resultado negativo do acumulado de janeiro e fevereiro de 2022 em R$ 25,9 bilhões soma-se saldo total negativo de 2021, que foi de R$ 35,4 bilhões. Nessas condições, o saldo total das cadernetas que em 2020 foi de R$ 1,035 trilhão, mesmo com as remunerações que se incorporam ao saldo, encerrou 2021 com um saldo total de R$ 1,030 trilhão. De um ano para o outro, incluindo os juros pagos aos poupadores houve uma queda de R$ 5 bilhões no saldo geral do sistema.
Considerando-se o resultado dos dois primeiro meses de 2022, acentua-se esse resultado pouco comum nas contas da poupança. O saldo geral na posição de 28.02.2022 ficou em R$ 1,016 trilhão, portanto menor do que o saldo do final de 2021, também levando em conta a soma da remuneração do período.
O desempenho das cadernetas de poupança, depois um saldo distorcido de 2020, no montante de R$ 116,3 bilhões de depósitos, impactado pelos valores pagos pela Auxílio Emergencial, representa com seus saldos negativos, os esforços das pessoas em fazer frente aos seus compromissos correntes, como supermercado, água, luz, gás, assim como pagamentos dos crediários junto ao comércio e empréstimos junto aos bancos.
ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS É RECORDE
Apesar desses esforços, nem o nível de endividamento, nem o de inadimplência foram reduzidos, pelo contrário. São 76,6% das famílias endividadas, ou seja, tem dívidas a vencer nos próximos meses. Há um ano, a proporção de endividados era de 66,7%. A proporção de famílias com dívidas ou contas em atraso está em 27%, das famílias inadimplentes 10,5% declararam não ter condições de pagar ou renegociar suas dívidas.
A escalada da inflação, desde o segundo semestre de 2020, com o IPCA, índice oficial que mede a inflação, acumulado nos últimos doze meses em 10,38%, foi arrasador para as famílias, com a carestia com impacto ainda maior, desemprego persistente, ainda na casa dos 12 milhões de trabalhadores e renda em queda, não sobrou para poupar.
Essa situação poderia ser muito diferente se Bolsonaro fosse outro, descesse do palanque eleitoral, com olho apenas para sua reeleição neste ano, e enfrentasse os reais problemas nacionais. Da sua administração junto com Guedes poucos ganham e o povo cada vez tem mais dificuldades para se manter.
Os dados da poupança foram divulgados pelo Banco Central na segunda-feira (7).
J.AMARO