De maio a julho, 7,214 milhões de brasileiros perderam o emprego em relação ao trimestre anterior, segundo IBGE
Com o IBGE registrando desemprego recorde atingindo 14 milhões de desempregados em setembro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse, durante conferência virtual da Cúpula da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, na segunda-feira (19), que na pandemia “perdemos apenas um milhão de empregos”.
“No mesmo período em que os Estados Unidos demitiu 33 milhões de pessoas, o Brasil preservou 11 milhões de empregos, digitalmente registrados, pelo nosso sistema de proteção, e perdemos apenas um milhão de empregos”, declarou Guedes, referindo-se aos dados do Caged do acumulado no ano até agosto.
Segundo o IBGE, no trimestre de maio a julho deste ano, o desemprego no Brasil bateu na casa de 13,8% – maior alta já registrada na série histórica da pesquisa PNAD Contínua, iniciada em 2012. Um total de 13,130 milhões de pessoas desempregadas no período, em relação ao mesmo trimestre de 2019.
“O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos), estimado em 29,4 milhões, foi o menor da série, caindo 8,8% (menos 2,8 milhões de pessoas) frente ao trimestre anterior e de 11,3% (menos 3,8 milhões de pessoas) ante o mesmo trimestre de 2019″, aponta a PNAD Contínua do trimestre encerrado em julho.
Somados os trabalhadores sem carteira de trabalho, apenas em um trimestre, 7,214 milhões de brasileiros perderam o emprego. Em um ano, o total de postos extintos supera os 11,6 milhões.
“A população ocupada recuou para 82 milhões, o menor contingente da série. Essa população caiu 8,1% (menos 7,2 milhões pessoas) em relação ao trimestre anterior, e 12,3% (menos 11,6 milhões) frente ao período de maio a julho de 2019. O nível de ocupação também foi o mais baixo da série, atingindo 47,1%, caindo 4,5 pontos frente ao trimestre anterior e 7,6 pontos contra o mesmo trimestre de 2019”, diz o IBGE.
Guedes, em seu discurso, disse que Brasil conseguiu “preservar os sinais vitais da economia com o auxílio emergencial”, ajuda que ele resistiu a dar e propôs apenas um vale de R$ 200. “Uma cesta básica”, disse na época, para atender os “36 milhões de invisíveis”. Assim como resistiu à prorrogação do auxílio de R$ 600 por mais dois meses.
O auxílio de R$ 600 reais, aprovado pelo Congresso, atendeu mais de 68 milhões de brasileiros que foram atingidos em suas atividades pela pandemia e, a despeito de Guedes, foi decisivo para impedir que a economia, já estagnada, afundasse ainda mais.
E, ao contrário da economia, quem continua decolando é o Guedes, que disse que já gastou 10% do PIB no combate à pandemia da Covid-19, “sem arrependimentos”. Do total dos R$ 587,5 bilhões aprovados pelo Congresso, foram pagos R$ 456,3 bilhões, destes, R$ 241,31 foram destinados ao auxílio emergencial.
Na conta do Guedes, entram antecipação de benefício a pensionistas e aposentados, liberação do FGTS, tudo dinheiro do trabalhador, renegociação de dívidas e muito recurso liberado para os bancos “emprestarem” para folha salarial e capital de giro – que não chegaram “na ponta”.
“Sem arrependimento” deve estar em liberar R$ 1,2 trilhão para “ajudar” o sistema financeiro.
E agora Guedes quer mandar uma fatura das ações implementadas com dinheiro público, aprovadas pelo Congresso, para o povo pagar a conta. “Vamos desinvestir para pagar isso”, disse Guedes. Quer dizer, torrar as estatais, patrimônio do povo brasileiro, oferecendo aos “investidores” estrangeiros.