“Nada é tão ruim que não possa piorar”, zombou Bolsonaro ao comentar sobre a alta no preço da gasolina e do dólar, durante um evento de comemoração dos 1.000 dias de desgoverno
Nos 1000 dias de desgoverno Bolsonaro, o Brasil voltou a vivenciar cenas lamentáveis de brasileiros, que não suportando mais o preço da gasolina, optam pelo risco do botijão de gás de 13kg, o conhecido gás de cozinha (GLP), em seus veículos, em busca por economia no combustível . A prática é ilegal no Brasil, por colocar motoristas e passageiros ao risco elevado de explosão.
O preço médio da gasolina subiu pela 8ª semana nos postos de combustíveis do Brasil, de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Nas bombas, a cotação média da gasolina comum atingiu R$ 6,092 por litro nesta semana, ante R$ 6,076 na semana anterior, como máxima de R$ 7,236 o litro.
No entanto, isso pouco importa ao presidente.
“Alguém acha que eu não queria a gasolina R$ 4? Ou menos. Que o dólar tivesse a R$ 4 ou menos? Não é maldade da nossa parte. É uma realidade. E tem aquele ditado: ‘Nada está tão ruim que não possa piorar”’, declarou Bolsonaro, na segunda-feira (27), zombando do povo que em seu desgoverno passou a conviver com o retorno da inflação – que está sendo pressionada, principalmente, pelos preços dos alimentos, combustíveis e da conta de luz.
Bolsonaro citou ainda uma passagem bíblica para ilustrar o momento do país. “Nada temeis, nem mesmo a morte, a não ser a morte eterna.”
A pesquisa da ANP também mostrou altas nos valores do etanol e do óleo diesel continuam elevados, a R$ 4,715 por litro e R$ 4,707 por litro, respectivamente. O preço máximo do óleo diesel pode ser encontrado a R$ 6,199 e o do etanol R$ 7,099.
O preço médio do botijão de gás de 13 kg na semana de 19 a 25/09/2021 ficou em R$ 98,70, atingindo no Centro Oeste a máxima de R$ 135,00, segundo a ANP. Já o gás GNV (gás natural veicular), combustível que é diferente do GLP e pode ser usado em automóveis legalmente, o preço médio ficou em R$/m³ 4,138, e o máximo R$/m³ 5,799.
Como botijão de gás de 13 kg, famílias mais carentes acabam comprando alguns litros de álcool em postos de combustíveis e fogareiro à lenha. Esta prática tem levado ao aumento de acidentes domésticos no país. Brasileiros têm chegado aos hospitais com queimaduras graves após explosão de inflamáveis.
Economia prometida não é verdadeira
Segundo cálculo feito pelo professor de finanças da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Fabio Gallo Garcia, a conversão de automóveis para GLP não compensa, nem do ponto de vista econômico, nem no da segurança de motoristas e passageiros.
Pelas contas do professor, considerando apenas o preço dos combustíveis, “o GNV – que é usado legalmente nos veículos – gera uma economia por quilômetro rodado de 51% em relação à gasolina e de 56% em relação ao etanol. Já no GLP – de uso clandestino -, a economia é de apenas 4,4% em relação à gasolina e 13,5% na comparação com o etanol”, explicou Garcia em reportagem da BBC.