Atendendo ao chamado das CTAs, Central Autonoma dos Trabalhadores e Central dos Trabalhadores Argentinos, junto a associação Caminhoneiros, os argentinos pararam e realizaram uma marcha que levou a uma multidão à Plaza Mayo no dia 14.
“O que nós mostramos aqui ao FMI foi um país paralisado e lutando”, afirmou o presidente Hugo Yasky da CTA dos Trabalhadores, ao se dirigir aos manifestantes.
Yasky ressaltou que o rumo para derrotar o desgoverno Macri passa pela “unidade das centrais’.
“O povo na rua é a foto que vamos mandar para os oligarcas locais de joelhos e que se entregam ao FMI”, acrescentou o dirigente sindical.
Hugo Moyano, dos Caminhoneiros declarou que as entidades que se mobilizaram para este dia 14, exigem um aumento de salário de 27% para os trabalhadores. Moyano acrescentou que as centrais que participaram da greve e da marcha desta quinta irão a nova paralização que terá início no dia 25 deste mês e que ela vai se somar à convocada pela CGT, estendendo-se aos dias 26 e 27, conforme anunciado pela CGT.
O FMI apresenta um acordo, para permitir o empréstimo que o governo argentino quer contratar, que inclui a ‘reforma’, isto é o ataque às leis trabalhistas. “Querem enterrar as conquistas apoiadas por Perón e Evita”, alertou o sindicalista.
Os sindicalistas tiveram acesso ao “programa” do FMI através do qual Macri se compromete a seguir eliminando postos de trabalho no setor público, reduzindo subsídios para energia e transporte, congelando novas contratações. Além disso, o FMI exige que haja um corte de 15% em serviços e bens adquiridos pelo Estado e o fim do Fundo de Garantia Solidária, destinado aos aposentados deixando-os ainda mais desprotegidos.
As colunas de trabalhadores chegaram à Plaza Mayo, confluindo a partir das Avenida Mayo e 9 de Julio, juntaram-se às centrais e aos caminhoneiros, organizações populares como o Movimento Evita, a Corrente Classista, Mães da Plaza Mayo, Bairros de Pé, Federação de Terra e Moradia, entre outros.
Sonia Alesso, presidente da Confederação dos Trabalhadores em Educação, Ctera, denunciou que cada vez mais, “chegam às escolas argentinas crianças famintas, atrás de um prato de comida e contando que seus país, mães e avós perderam empregos”.
Os líderes dos trabalhadores também denunciam que o descontrole do câmbio que tem se verificado na Argentina está provocando mais uma onda de aumento nos preços ao consumidor e conduz a nova disparada inflacionária, um mais danoso corte ao poder aquisitivo do povo argentino.
Os deputados do Bloco Frente para Vitória – Partido Justicialista, assinaram um projeto proposto pela deputada e economista, Fernanda Vallejos, que rechaça o acordo unilateralmente firmado pelo governo com o FMI, “devido às gravíssimas consequências para a população que, pelas manifestações do dia 14, resiste a este acordo e à crise que pode provocar”.
O projeto, informa a deputada, rejeita o acordo, em especial as condições “impostas de política econômica” e os resultados previsíveis quanto “às políticas sociais, trabalhistas e com respeito às províncias (Estados)”.
Segundo o gabinete da deputada, “o acordo fere princípios constitucionais essenciais, tais como a divisão republicana dos poderes, o direito ao trabalho, a segurança social e a soberania do Congresso no que se trata de dívida soberana”.
As declarações das lideranças que comandavam colunas vindas do interior do país estavam entre as que demonstram a crise provocada pelo desgoverno Macri da forma mais contundente.
Tomás Montenegro, líder dos professores de Chubut, denunciou que “na nossa província, os salários estão congelados, desde o ano passado e há quatro meses a situação se agravou porque os docentes e os servidores passaram a receber com atrasos. Diante da crise generalizada estamos há 89 dias acampados diante do palácio de governo local e tomamos o prédio local do Ministério da Educação, assim como os setores administrativos escolares”.