O número de mortes por Covid-19 entre idosos com mais de 90 anos na cidade de São Paulo caiu 70% entre janeiro e fevereiro de 2021, após o início da imunização do grupo prioritário, segundo informações da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
Nenhum idoso na faixa de vacinação morreu no mês de março. Em contrapartida, foram registrados 127 óbitos em janeiro desde ano. Já o número de pacientes internados na capital caiu de 246 em janeiro para somente 3 em março.
Os casos de infecção também tiveram uma queda drástica. Apenas 4 em março, após serem notificados 144 em fevereiro e 380 em janeiro. O boletim informa também que nenhum idoso com mais de 95 anos contraiu a Covid-19 neste mês.
Os dados compreendem o período das primeiras semanas de aplicação da primeira dose do imunizante contra a Covid-19 na capital paulista, que começou em 5 fevereiro.
Para especialistas, a redução principalmente nas mortes de idosos acima de 90 anos pode já estar refletindo os efeitos da aplicação das vacinas entre os idosos da cidade.
Assim como em São Paulo, em Pernambuco, um levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) também mostrou, ainda em dados preliminares, uma diminuição no número de solicitações de leitos de UTI para idosos com mais de 85 anos com Covid-19 no estado após o início da vacinação.
De acordo com a SES-PE foram 15 pedidos por UTI a menos entre a segunda semana de fevereiro, quando foram 51 registros, e a última semana desse mesmo mês, que contou com 36, uma diminuição de 29%.
Os dados preliminares apontaram, inclusive, para uma redução de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). Na última semana de janeiro foram registrados 71 casos de Srag nessa faixa etária, enquanto na última semana de fevereiro foram 53 casos, redução de cerca de 25%.
Uma outra forma direta de analisar os benefícios da vacinação é avaliar o sistema funerário. No caso de Manaus é mais emblemático, pois nos piores períodos da pandemia na capital do Amazonas, os enterros mais que dobraram e o sistema funerário ficou estrangulado.
A média de enterros diários em Manaus teve uma queda de 67,1% nas últimas sete semanas, segundo a Prefeitura. De 28 de fevereiro a 6 de março, a capital registrou o menor índice de sepultamentos de 2021, após ter alcançado recordes desde o início da pandemia.
Entre 17 e 23 de janeiro deste ano, foram registrados 1.272 sepultamentos, uma média de 181,71 enterros diários – maior índice registrado em 2021. Nesta última semana, aconteceram 418 sepultamentos. Uma média de 59,71 enterros por dia. Antes da pandemia, eram realizados, em média, 30 enterros diários.
No começo deste ano, a segunda onda da Covid-19 chegou ao Amazonas. Já em janeiro, hospitais da capital ficaram superlotados, faltou oxigênio e pessoas morreram asfixiadas. A situação ficou pior do que a Esse segundo surto superou os recordes registrados no primeiro, ocorrido entre abril e março do ano passado.
Para o infectologista da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) Renato Kfouri, os dados são ainda preliminares em relação aos efeitos da imunização, mas “bastante animadores sobre a efetividade das vacinas na vida real das pessoas”.
“Considerando que a vacina começou a ser aplicada em 5 de fevereiro e que elas começam a fazer efeito até 15 dias depois, é possível que a redução possa já ser reflexo da vacinação, especialmente em relação às mortes”, afirmou.
“São dados bastante preliminares e é preciso esperar os números de março e abril para que tenhamos uma conclusão efetiva. Mas se os números se mantiverem, é um resultado fantástico e confirma aquilo que a gente vem dizendo: a vacinação é boa e importante para a gente sair dessa pandemia”, completou o infectologista.
Para Kfouri, os dados preliminares também são amimadores “porque, no caso da CoronaVac, do Butantan, por exemplo, não há muitos dados sobre a efetividade após a aplicação da primeira dose. Tanto a CoronaVac quanto a vacina de Oxford foram aprovadas pela Anvisa porque têm efetividade comprovada após a aplicação da segunda dose. Porém, esses números podem nos indicar que, mesmo na primeira dose, já pode haver o resultado positivo que o mundo inteiro busca”, diz Kfouri.
“Estamos em um momento de crescimento dos casos e das mortes pela Covid desde o início de janeiro. E desde o começo da pandemia, a gente tem dito que os idosos são os mais vulneráveis à doença. Eles obviamente são os mais resguardados e isolados. Com a chegada da vacina, essa proteção foi redobrada. Então, se a gente separar os fatores novos dessa conta, a vacina foi o único fator novo, além do isolamento. O que pode nos indicar sim que a vacina é tudo aquilo que há meses a gente defende, assim como o isolamento, que também é importantíssimo”, afirmou o médico Álvaro Furtado da Costa, infectologista do Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo.