Estimativa é que as vendas caem pelo segundo ano seguido diante da deterioração das condições de consumo materializada pela inflação elevada, juros em alta e desemprego elevado
A abertura sem restrições do comércio não será suficiente para salvar as vendas no Natal deste ano. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento do varejo na data comemorativa mais importante para o setor deve cair pelo segundo ano consecutivo – isto porque a inflação, os juros altos e o desemprego estão corroendo as rendas de tal forma que a população simplesmente não tem dinheiro para consumir.
Segundo levantamento da entidade divulgado nesta segunda-feira (13), a expectativa é que as vendas de Natal movimentem aproximadamente R$ 57 bilhões, valor 2,6% menor que em relação a 2020 descontando a inflação de dois dígitos dos últimos 12 meses. No ano passado, houve recuo de 1,8% nas vendas em relação ao ano anterior: na época, Bolsonaro culpou as restrições de circulação impostas pela pandemia pelo fracasso do comércio. Neste ano, sabemos que a sua política que promove o arrocho, o desemprego e a queda nas rendas é muito mais nociva para a economia do que qualquer lockdown.
“Ao contrário do Natal de 2020, quando o varejo estava sujeito a restrições operacionais impostas pela segunda onda da crise sanitária que levaram a quedas na circulação de consumidores, neste ano, o varejo chega às vésperas da sua data comemorativa mais importante constatando a normalização do fluxo de consumidores ao nível pré-pandemia”, relata o estudo da CNC.
“Por outro lado, a deterioração das condições de consumo materializada pela inflação elevada, juros em alta e mercado de trabalho em lenta recuperação impedem a construção de um cenário mais otimista para o varejo às vésperas do Natal de 2021”, conclui a entidade.
A projeção da CNC é que o ramo de hiper e supermercados concentre a movimentação financeira do setor este ano, representando quase 40% do total de volume de vendas, já que a tendência é que as famílias empenhem seus orçamentos nas compras de itens de primeira necessidade, ao invés de presentes.
Ainda assim, fazer ceia de Natal este ano vai ser um sufoco. A inflação nos doze meses até novembro já alcança 10,74%, pressionada pelo preço da gasolina, energia elétrica, gás de cozinha e, também, dos alimentos. A cesta composta por alimentos da ceia natalina medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) apresenta variação média de 13,8%.
CONTRATAÇÕES FRACAS
Apesar da previsão de abertura de 89,4 mil vagas de emprego temporárias neste Natal, o número é inferior ao número de vagas criadas em 2019, antes da pandemia. A expectativa de queda no volume de vendas e os impactos sobre o setor para o ano que vem foi o que fez a CNC rever a estimativa de abertura de postos de trabalho temporário e também a taxa de efetivação dos trabalhadores, que passou de 12,2% para 4,9%, apenas.