
“Não está fácil. Nenhuma empresa consegue taxas de juros menores do que a Selic, uma das mais elevadas do mundo, tirando a competitividade, não só da indústria de máquinas, mas de todos os produtores do Brasil”, alerta a Abimaq
As receitas líquidas de vendas do setor de máquinas equipamentos, no mês de março, atingiram pouco menos de R$ 24 bilhões, uma queda de 5% em relação a fevereiro, considerando os efeitos sazonais, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (30) pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). O recuo do mês de março refletiu o desempenho do mercado doméstico em queda de 9,8% em relação a fevereiro.
Os efeitos dos juros elevados foram apontados como um dos principais entraves para o desempenho do setor, seja nos seus impactos na produção, na comercialização, nas importações, nos investimentos, assim como nos empréstimos ao financiamento das indústrias compradoras finais.
Conforme Cristina Zanella, diretora de Economia e Estatística da Abimaq, “hoje não está fácil. Nenhuma empresa consegue taxas de juros menores do que a Selic”.
“A Selic voltou, novamente, a ser uma das mais elevadas do mundo. Estamos em um longo período de transição. Então, são todos os fatores que tiram a competitividade da indústria de máquinas, não só da indústria de máquinas, mas de todos os produtores do Brasil”, afirmou.
A Selic hoje situada em 14,25% ao ano, com projeções de encerrar o ano em 15%.
Em relação a março do ano passado, o faturamento cresceu 16,1%. No primeiro trimestre o setor manteve desempenho positivo de 18,1% acima ao do mesmo trimestre de 2024, no entanto, a base de comparação com o início do ano passado foi considerada muito fraca, período marcado por um desempenho historicamente baixo nas receitas de máquinas e equipamentos.
“Apesar do avanço, parte do crescimento é atribuída à base de comparação deprimida, dado que o setor vinha de três anos consecutivos de queda nas receitas”, assinala a Abimaq.
As exportações do setor no mês de março foram acima dos US$ 1 bilhão, após dois meses de resultados menores, significando uma recuperação pontual nas vendas externas. O crescimento veio por conta de uma expansão nas vendas para a Europa e América do Sul, +16,1% e +12,9%, respectivamente, com destaque para a Argentina +59,3%, apesar do encolhimento importante das vendas para os Estados Unidos.
As importações de máquinas e equipamentos seguem tendência alta observada nos últimos meses. Em março aos US$ 2,6 bilhões, um crescimento de 9,4% em relação ao mês anterior. No acumulado do primeiro trimestre, as importações somaram US$ 30,6 bilhões, valor 12,9% superior ao registrado no mesmo período de 2024, o maior da história para o período.
Em março de 2025, o setor de máquinas e equipamentos empregou pouco mais de 411 mil trabalhadores, um avanço de 1,1% em relação a fevereiro.