Neste 19 de abril, o comandante do Exército, Tomás Paiva, afirmou que “a previsibilidade orçamentária é fundamental para fortalecer a Base Industrial de Defesa e aumentar a capacidade de dissuasão”
O comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, afirmou que a Força completa 376 anos com “eterno compromisso com a Nação brasileira em defesa da Pátria e dos mais caros ideais democráticos” e defendeu “previsibilidade orçamentária”. O presidente Lula esteve na cerimônia do Dia do Exército, em Brasília.
“No dia de hoje, ao completar 376 anos de glórias, a Força Terrestre reafirma o eterno compromisso com a Nação brasileira em defesa da Pátria e dos mais caros ideais democráticos, mesmo com o sacrifício da própria vida”, declarou o general Paiva.
“Integramos uma Instituição de Estado, alicerçada na hierarquia e na disciplina, que se mantém coesa pelo culto a valores imutáveis”, disse.
“Estamos sempre prontos para garantir a soberania do País, protegendo nossas fronteiras e guardando nossas riquezas em todos os quadrantes deste imenso território, bem como conduzindo ações subsidiárias que contribuem para o desenvolvimento nacional”, acrescentou.
Apesar dos esforços do ex-presidente Jair Bolsonaro para que o Exército o acompanhasse em seu plano golpista, a Força se manteve ao lado da democracia.
O ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, contou em depoimento que Bolsonaro levou propostas de decretos presidenciais que instalariam uma ditadura, mas foi rechaçado. Freire Gomes ameaçou prender Jair Bolsonaro quando o golpe foi mencionado.
Nas publicações feitas nas redes sociais sobre o Dia do Exército, perfis bolsonaristas fizeram diversos comentários ofensivos falando de “vergonha” da Força por não ter aderido ao golpe. Vários bolsonaristas chamaram os militares de “melancia”.
INVESTIMENTOS
O comandante, durante a cerimônia, afirmou que “a previsibilidade orçamentária é fundamental para fortalecer a Base Industrial de Defesa e aumentar a capacidade de dissuasão em um mundo multipolar, no qual os conflitos bélicos são uma realidade”.
Ribeiro Paiva se refere aos cortes feitos pela área econômica do governo, que busca seguir o novo teto de gastos, o “arcabouço fiscal”.
O Ministério da Defesa já apontou que o corte de R$ 280 milhões na verba discricionária, destinada gastos não obrigatórios, “gera fortes impactos no cumprimento de contratos já firmados dos projetos estratégicos da Defesa e também na manutenção e no custeio das diversas organizações militares em todo o território nacional”.
Segundo o ministro da Defesa, José Múcio, essa verba caiu 47% em 10 anos, passando de R$ 20,6 bilhões, em 2014, para R$ 10,9 bilhões, em 2024.
Leia a Ordem do Dia do comandante do Exército na íntegra:
19 DE ABRIL – DIA DO EXÉRCITO
Em 19 de abril de 1648, nos Montes Guararapes, o Brasil começou uma longa jornada em direção à independência. Naquela data, os soldados luso-brasileiros, em flagrante desvantagem numérica, derrotaram as forças holandesas em uma batalha que se tornou um símbolo da resistência nacional e da defesa do solo pátrio.
A luta contra o invasor evidenciou o arrojo e a bravura da nossa gente, fraternalmente unida pelo nascente sentimento de amor à terra. Indígenas, brancos e negros lutaram lado a lado, inspirados pela aliança materializada no compromisso imortal firmado àquela época: “(…) nos conjuramos e prometemos, em serviço da liberdade, não faltar a todo o tempo que for necessário, com toda ajuda de fazendas e de pessoas, contra qualquer inimigo, em restauração de nossa pátria (…)”.
A palavra “pátria” foi usada, assim, pela primeira vez, em referência ao Brasil, dando início ao irreversível processo de emancipação política. O heroico episódio da Primeira Batalha dos Guararapes é considerado o instituidor de nossa nacionalidade e traçou nosso destino.
Felipe Camarão, Matias de Albuquerque e Henrique Dias, profundos conhecedores da área de operações, conduziram a chamada Guerra Brasílica. Naquela oportunidade, além de uma nova tática de combater em conflitos assimétricos, surgia também o Exército Brasileiro, que jamais se dissociou dos anseios de nossa Nação.
Quase dois séculos depois de Guararapes, o nascente Exército Imperial teve decisiva atuação nas Guerras de Independência, assegurando a liberdade do País recém-emancipado, ameaçada por revoltas e motins. Posteriormente, durante o Período Regencial, eclodiram inúmeros levantes violentos, de tendência separatista. Nesses conflitos, sob a liderança de Caxias, nosso maior Soldado, garantiu-se a unidade da Pátria e promoveu-se a pacificação das províncias revoltosas.
Ao final do século XIX, após a vitória de nossas forças na Guerra da Tríplice Aliança, o Exército adquiriu forte identidade institucional, sancionada, principalmente, pelo reconhecido pluralismo em suas fileiras, que, uma vez mais, reuniu brasileiros de diversas origens. Essa condição impulsionou um ciclo de transformação política que culminou na Proclamação da República.
O sistema republicano consolidou-se no País e, em junho de 1944, há quase 80 anos, o primeiro escalão da Força Expedicionária Brasileira (FEB) embarcou no Rio de Janeiro com destino aos campos de batalha da Europa para engajar-se no esforço de guerra ao lado dos exércitos aliados, depois do injustificado torpedeamento de navios mercantes brasileiros. O mundo democrático empenhava-se em combater os regimes totalitários do Eixo. Sob a liderança do Marechal Mascarenhas de Moraes, mais de 25.000 combatentes escreveram páginas gloriosas.
Ao longo da nossa cronologia, tivemos também destacada participação em operações de manutenção da paz, conduzidas sob a égide de organismos internacionais. Nossos “boinas-azuis” estiveram presentes nos mais distantes rincões do planeta, do Timor-Leste ao Haiti, de Suez a Angola, conquistando o reconhecimento internacional pelo elevado desempenho na solução de conflitos, inclusive, assumindo relevantes postos de comando em várias missões, o que trouxe prestígio à política externa do Brasil. Ressalta-se a importante contribuição de mais de 240 militares do segmento feminino nessas atividades.
No dia de hoje, ao completar 376 anos de glórias, a Força Terrestre reafirma o eterno compromisso com a Nação brasileira em defesa da Pátria e dos mais caros ideais democráticos, mesmo com o sacrifício da própria vida. Pagamos um alto preço em vidas humanas para honrar nosso juramento. O sangue dos militares brasileiros foi vertido, generosamente, na campanha da FEB, nas operações de paz ao redor do planeta, nas operações de garantia da lei e da ordem, como também ao longo de nossa extensa faixa de fronteira. Essas irreparáveis perdas, lamentadas e sentidas pela Força e pelas famílias enlutadas, não podem ser esquecidas.
Integramos uma Instituição de Estado, alicerçada na hierarquia e na disciplina, que se mantém coesa pelo culto a valores imutáveis, consagrados desde Guararapes. Estamos sempre prontos para garantir a soberania do País, protegendo nossas fronteiras e guardando nossas riquezas em todos os quadrantes deste imenso território, bem como conduzindo ações subsidiárias que contribuem para o desenvolvimento nacional, que ajudam na preservação ambiental e que aliviam o sofrimento da população em meio a desastres naturais.
O Braço Forte e a Mão Amiga asseguram o domínio das capacidades operacionais necessárias ao combate moderno em todas as suas dimensões, investindo em conhecimentos duais e gerando empregos e benefícios para toda a sociedade, com entregas imprescindíveis à população.
Estar preparado para o futuro envolve, sobretudo, aprimorar o valor do Soldado por meio do treinamento eficaz e da dotação de materiais de emprego militar modernos. Dessa forma, a previsibilidade orçamentária é fundamental para fortalecer a Base Industrial de Defesa e aumentar a capacidade de dissuasão em um mundo multipolar, no qual os conflitos bélicos são uma realidade.
A constante evolução tecnológica nos obriga a priorizar a atração, a capacitação e a retenção de recursos humanos, formando os líderes do amanhã por intermédio de um consagrado sistema de ensino, que preserva e difunde princípios éticos, valores e tradições militares. Nesse contexto, destaca-se o expressivo número de inscritos em todos os concursos públicos promovidos pela nossa Instituição. Esse indicador ratifica a histórica e permanente integração do Exército à sociedade, que nos atribui altos índices de credibilidade.
Soldados de Caxias! A capacidade de superação das adversidades, herdada dos valorosos heróis de Guararapes e de todos os que nos antecederam, é uma das características mais marcantes da nossa tropa. Com o trabalho incansável de homens e mulheres, oriundos de toda a sociedade, a Força Terrestre foi e sempre será a síntese da dedicação integral ao serviço da Pátria. Unidos e coesos, continuaremos sempre prontos para cumprirmos nossa missão constitucional!
EM DEFESA DA PÁTRIA, EXÉRCITO – BRASIL!
Brasília-DF, 19 de abril de 2024.
General de Exército TOMÁS MIGUEL MINÉ RIBEIRO PAIVA
Comandante do Exército
Mas que otima noticia ! Democracia melhor do que dutaduras militares. A Ditadura militar so fez piorar a economia brasileira. Uma merda muito grande. Horrivel.