Contra consumo médio histórico de 84 quilos por pessoa no governo de Juan Domingo Perón (1954) -, argentinos apenas consumiram 47,7 kg por habitante no ano passado. Preços dispararam: carne bovina (81%), frango (67,4%) e porco (44,9%)
O consumo de carne bovina na Argentina alcançou seu segundo pior nível histórico em 2024, com somente 47,7 kg por habitante no ano contra o consumo médio de 72,9 kg, informou a Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados (Ciccra).
A queda de 9% em relação a 2023 escancara a agudização da crise econômica e a acelerada contração no poder de compra durante o governo de Milei, no menor resultado desde 1920, quando o consumo ficou em 46,9 kg por habitante. Em termos de comparação, durante o governo de Juan Domingo Perón (1954) o consumo era de 84 quilos por pessoa.
Mesmo que os valores tenham ficado atrás da inflação oficial de 118%, o preço da carne bovina aumentou 81%, a de frango 67,4% e a de porco 44,9%, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC).
BRUTAL ARROCHO E CRESCIMENTO DA MISÉRIA
No ano passado, no total, foram 193,78 mil toneladas a menos de carne bovina no mercado. Com o brutal arrocho salarial, o crescimento da miséria, e uma queda do PIB de cerca de 3,5%, o produto foi ficando cada dia ainda mais distante da tradicional mesa dos argentinos.
A informação checada com o cruzamento de dados da Bolsa de Valores de Rosário (BCRA), do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que, diante do aumento de preços, pela primeira vez na história os argentinos comeram mais carne de frango (49,3 kg) do que de rês, buscando suprir a carência de proteínas. Houve também um crescimento do consumo da carne suína, uma média de 17,7 quilos por pessoa em 2024, na busca por opções.
EM BUENOS AIRES INDIGÊNCIA NÃO PARA DE CRESCER
De acordo com as estatísticas, mais da metade dos 45 milhões de habitantes da Argentina foi jogada na pobreza. Na capital, Buenos Aires, a cidade mais rica do país, a taxa de indigência não para de crescer, pessoas que não conseguem sequer comprar a cesta básica, perambulando desesperadas, mendigando comida.
O Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina (UCA) apontou que o índice de insegurança alimentar atingiu os níveis mais elevados da última década no terceiro trimestre de 2024, superando inclusive os recordes da pandemia. Mais de 30% das crianças do país vivem em lares que foram obrigados a reduzir a quantidade ou a qualidade dos alimentos que consomem.
Um relatório da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Buenos Aires (UBA) publicado em novembro traz dados ainda mais alarmantes: no último ano, a população que vive na pobreza aumentou 131%, passando de 2,6 milhões para mais de 6 milhões de pessoas, com o número de carentes aumentando 43,3%. Este fenômeno comprova que muitas pessoas passaram da pobreza à indigência, exacerbando a vulnerabilidade social.