
“Recuperação das nossas capacidades industriais leva anos, mas perdê-la pode acontecer em meses”, afirma Grupo Missão Produtiva, que denuncia violenta retração do mercado interno
O grupo Missão Produtiva divulgou esta semana que a retração da indústria argentina foi de 9,4% em 2024, pior do que em países em guerra ou crise gravíssima como é o caso da Ucrânia, do Togo e de Ruanda.
Com base em dados das Nações Unidas, o estudo apontou que “a estabilização macroeconômica é necessária, mas não pode ser feita à custa do desmantelamento do quadro produtivo” do país, como vem sendo feito por Milei, em que o setor da construção despencou 27,4% em 2024, o pior desempenho em mais de duas décadas.
Condenando o fechamento das indústrias e a proliferação do desemprego, o Missão Produtiva advertiu que “a recuperação das nossas capacidades industriais leva anos, mas perdê-la pode acontecer em meses”. “O que é urgente não deve apagar o que é importante: o desenvolvimento sustentável precisa da indústria”, sublinha o documento.
A questão chave, assinalou o estudo, é o desafio que representa este ano para o setor industrial, pois “o governo está promovendo uma maior abertura comercial num contexto marcado por uma forte valorização da taxa de câmbio, o que enfraquecerá o setor industrial”. Desta forma, as indústrias enfrentarão uma concorrência crescente, “ao mesmo tempo que experimentarão um aumento significativo nos seus custos em dólares devido ao baixo nível da taxa de câmbio real”.
Quando se compara o desempenho da Argentina em relação com os demais países, alertou o Missão Produtiva, o golpe é duro. Com base no relatório das Nações Unidas, o declínio da indústria local é maior que o do Togo (-7%), e da Irlanda (quase 6%) e do conjunto dos países do mundo desenvolvido e emergente.
ESTADO É FATOR CHAVE
Para retomar o processo de desenvolvimento soberano com o consequente progresso social, o Estado é um participante chave, assim como o sistema científico nacional, que favorece o desenvolvimento das cadeias produtivas, defendeu ex-presidente Cristina Kirchner.
Na avaliação de Cristina, o país se encontra submergido numa tragédia econômica e social de grandes proporções em que uma das suas causas são as políticas antiprodutivas do governo neoliberal e entreguista de Milei. Infelizmente, esta situação pode ser facilmente comprovada: entre novembro de 2023 e outubro de 2024 foram fechadas 12.214 empresas (99,4% tinham menos de 500 trabalhadores) e no mesmo período os empregos registrados foram reduzidos em 205.009. Para a retomada, assinalou, será fundamental que nós adotemos uma política de reindustrialização, aumentando o PIB e simultaneamente caminhando para a equidade distributiva, como foi feito nos períodos (1946-1955) e (2003-2015).