Segundo a PF, os investigados estavam cientes dos atos ilícitos cometidos. Na dúvida, mandaram dinheiro para fora. Bolsonaro transferiu R$ 800 mil para os EUA. Alguns “tinham expectativa de que ainda havia possibilidade de consumação do golpe de Estado”
No dia 27 de dezembro, quando a trama golpista estava em pleno vapor, apesar de Bolsonaro e Augusto Heleno terem se batido na reunião dos conspiradores do dia 5 de julho de 2022 para “virar a mesa” antes das eleições, R$ 800 mil foram transferidos da conta do ainda então presidente da República e enviados para os Estados Unidos. Alguns dias depois, eles promoveriam a primeira provocação, durante a diplomação do presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva.
PLANO DO GOLPE RELEVADO EM VÍDEO
A investigação da Polícia Federal, que foi enriquecida com dados obtidos com a apreensão da gravação que Mauro Cid fez da reunião dos conspiradores em julho de 2022, revelou que Bolsonaro, quando viu que a situação não estava indo conforme o planejado, decidiu fugir para o exterior e aguardar de lá os desdobramentos da tentativa de golpe de Estado no Brasil.
Ele havia recebido a minuta do golpe das mãos de seu assessor Felipe Martins, que está preso. A minuta previa a intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o cancelamento das eleições e a prisão de ministros do Supremo e de líderes da oposição. Ao receber a minuta, fez algumas alterações, sem mudar o plano de prender Alexandre de Moraes. Em seguida,l reuniu-se com comandantes militares com o intuito infrutífero de tentar cooptá-los para o golpe.
DEIXAR DINHEIRO NO BRASIL É PERIGOSO
Agora, ao ser inquirido sobre as atitudes golpistas, entre elas o envio do dinheiro para os EUA, antes de embarcar para lá, Bolsonaro alegou que deixar dinheiro no Brasil era perigoso.
Realmente, Bolsonaro nunca acreditou no Brasil e nem nos brasileiros. Tinha ideia fixa de entregar todas as empresas brasileiras para os americanos. Achava – e acha – que os americanos é que são bons e que o povo brasileiro, não.
Não por acaso fazia continência para a bandeira dos EUA. Seus ministros, entre eles o notório Paulo Guedes, que deveria, em tese, incentivar investimentos no país, também escondia uma verdadeira fortuna em contas secretas nos Estados Unidos.
CAPACHO DOS EUA
Bolsonaro é tão capacho dos EUA que, além de atacar o Brasil e tirar seu dinheiro daqui – obtido sabe-se lá como – para aplicá-lo em bancos nos EUA, se derreteu em elogios aos ‘capos’ e gângsteres da Casa Branca.
“O último país do mundo para onde um golpista, um ditador, enviaria recursos seria os Estados Unidos, porque é um país democrata que respeita tratados. Esses recursos seriam imediatamente bloqueados”, afirmou o golpista. Realmente, os EUA costumam bloquear recursos de países que se rebelam contra sua exploração e suas guerras, mas, geralmente, acobertam serviçais como Bolsonaro e sua trupe.
Segundo a PF, os investigados “tinham a expectativa de que ainda havia possibilidade de consumação do golpe de Estado” e estavam cientes dos atos ilícitos cometidos. Na dúvida, mandaram dinheiro para fora. “Alguns investigados se evadiram do país, retirando praticamente todos seus recursos aplicados em instituições financeiras nacionais, transferindo-os para os EUA, para se resguardarem de eventual persecução penal instaurada para apurar os ilícitos”, aponta o documento da Polícia Federal.
DINHEIRO PODE SER ILÍCITO, DIZ PF
A PF não descarta que esse dinheiro tenha origem ilícita. Em um documento enviado ao Supremo Tribunal Federal, a investigação menciona que, nesse montante, pode haver dinheiro do “desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras”, como no caso da venda de joias dadas pela Arábia Saudita ao governo brasileiro.
“Evidencia-se que o então presidente Jair Bolsonaro, ao final do mandato, transferiu para os Estados Unidos todos os seus bens e recursos financeiros, ilícitos e lícitos, com a finalidade de assegurar sua permanência do exterior, possivelmente, aguardando o desfecho da tentativa de Golpe de Estado que estava em andamento”, afirma a PF.