O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) desconsiderou a grave recessão que acomete o país e manteve os juros reais entre os maiores do mundo, ao reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, na quarta-feira (7).
A Selic passou a ser de 6,75% e os juros reais (juros nominais, descontada a inflação projetada para o ano, de 3,9% em 2018) estão em 2,7%. A média no ranking mundial de juros reais está em 0,0%.
De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), “este é o menor valor da taxa Selic em toda sua história, mas isso adianta muito pouco, porque os juros para o tomador final no Brasil ainda estão entre os maiores do mundo”.
Para os empresários, os juros escorchantes cobrados pelos bancos nos empréstimos, nos cartões de crédito e no cheque especial “retiram poder de compra das famílias, inibem o investimento e a geração de emprego por parte das empresas e dificultam a retomada do crescimento”.
Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), as taxas de juros em três modalidades de linha de crédito para a Pessoa Jurídica, em dezembro do ano passado, continuavam na Lua, apesar da redução da Selic: Capital de giro (29,08% ao ano); Desconto de Duplicatas (35,60% a.a) e Conta garantida (145,73% a.a.). Uma taxa média de 63,27% a.a.
As taxas de juros, ao ano, nas linhas de crédito para Pessoa Física também estavam nas alturas. Juro do comércio (89,04%); Cartão de crédito (321,63%); Cheque especial (295,48%), entre outras modalidades, todas muito além da taxa Selic. Esta não é a menor “taxa da história”, como andam dizendo. No Plano Real, nos períodos finais do governo FHC, as taxas de juros reais ficaram negativas.
Com a economia estagnada e os juros nesses níveis, não é à toa que os grandes bancos no país – Itaú, Bradesco e o espanhol Santander – obtêm, a cada ano, os maiores lucros líquidos de sua história, com os spreads abusivos e especulando com os títulos do governo.
Só o Banco Itaú, de onde saiu o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, lucrou no ano passado, R$ 24,9 bilhões.