IPCA atingiu 10,74% em doze meses. Em novembro, a taxa foi de 0,95%, puxada pelo aumento da gasolina que subiu 7,38% frente a outubro e acumula alta de 50,78% em 12 meses
A alta dos preços da gasolina, botijão de gás e energia elétrica pressionaram para mais um mês de inflação recorde. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (10), a variação de preços no mês passado, ante outubro, foi de 0,95%, a maior para o mês desde 2015 – levando a inflação oficial ao patamar de 10,74% em 12 meses.
A carestia já virou a maior marca registrada do governo Bolsonaro, sendo a disparada generalizada de preços consequência direta da política econômica destrambelhada do presidente e seu guru, Paulo Guedes.
De acordo com o Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, assim como afirmam inúmeros economistas, a inflação elevada no Brasil não é resultado de uma pressão de demanda, mas sim de aumentos de preços de bens e serviços monitorados pelo governo, como a energia elétrica e a gasolina, que têm os preços atrelados ao mercado internacional e ao dólar.
Segundo Paulo Guedes, ministro da Economia, o governo Bolsonaro está “fazendo a coisa certa”, com “choque de juros”, um choque brutal contra o povo brasileiro, os consumidores, a indústria, o comércio e o setor de serviços. Agora em novembro já registraram resultados negativos a produção industrial e as vendas do comércio varejista. Isso após o IBGE divulgar dois trimestres seguidos de queda do PIB (Produto Interno Bruto), escancarando a tragédia da política econômica que Guedes tenta esconder. Após sete altas seguidos de aumento da taxa de juros pelo Banco Central, não resolveu, a inflação explodiu.
Sem surpresas, a principal pressão do IPCA de novembro veio do preço dos combustíveis. O grande destaque foi a gasolina, que contribuiu com praticamente a metade da taxa de inflação do mês ao subir 7,38% em novembro ante outubro. Houve altas expressivas também nos preços do etanol (10,53%), do óleo diesel (7,48%) e do gás veicular (4,30%).
Com o resultado de novembro, a gasolina acumula, em 12 meses, alta de 50,78%, o etanol de 69,40% e o diesel, 49,56%. A disparada dos preços dos combustíveis não penaliza apenas os motoristas, mas repassa para a maior parte dos produtos – inclusive alimentos – o aumento de custos para produção e abastecimento.
Em um cenário de desemprego, informalidade e corte das políticas assistenciais, o custo dos alimentos, da luz e do gás voltaram a assombrar as famílias brasileiras. A segunda maior contribuição para o IPCA de novembro veio dos custos com Habitação, que subiu 1,03%. Dentro deste grupo de produtos e serviços, estão embutidas as altas de 1,24% da energia elétrica e de 2,12% do botijão de gás – que em 12 meses, já acumula a escandalosa variação de 38,88%, obrigando as famílias mais pobres a voltarem a cozinhar a lenha.