Nos últimos 12 meses viajar de avião ficou 56,8% mais caro
A disparada de preços das passagens aéreas – que já acumula em um ano alta de quase 60% – tem como principal responsável o custo dos combustíveis.
O querosene de avião, derivado do petróleo que responde por um terço dos custos das companhias aéreas, subiu 91,7% no segundo trimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado. Enquanto o governo diz que as passagens aéreas estão mais caras porque há uma grande demanda reprimida por viagens, associações do setor dizem que é o peso do combustível que vai manter o valor das passagens elevados e também travar a recuperação do setor este ano.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos 12 meses viajar de avião ficou 56,8% mais caro.
“Tem um aumento dos custos operacionais das empresas aéreas por conta da alta do dólar, muitos contratos dessas empresas são atrelados ao dólar. E também à alta dos preços dos combustíveis, em particular do querosene de aviação, que subiu bastante ao longo desse ano”, explica Pedro Kislanov, gerente do IPCA – IBGE. De acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que fez um levantamento dos preços mais recente, só no segundo trimestre de 2021, houve alta de 21,7% na tarifa aérea doméstica na comparação anual.
Assim como outros combustíveis (gasolina, diesel e gás natural), o preço do querosene usado nas aeronaves poderia ser controlado pelo governo. Contudo, a política de paridade com preços internacionais – que define os valores do mercado interno – faz com que os brasileiros paguem pelos combustíveis preços de importados, ainda que tenhamos autossuficiência na produção de petróleo e muita capacidade de refino.
O engenheiro Adalberto Febeliano, especialista em economia do setor aéreo, expõe a gravidade da política da Petrobrás sob o governo Bolsonaro ao adotar a paridade de preços com a importação.
“O preço de paridade é o preço de Houston somado ao do transporte de Houston até aqui, ou seja, com adicional de frete da Marinha Mercante, taxas portuárias, etc. Esse custo sobre 85% do QAV (querosene de aviação) vendido é a cobrança de um adicional de frete da Marinha Mercante, taxas portuárias, etc. Esse custo é a cobrança de um adicional de frete que não existe”, comenta.
Produzido em Betim, Minas Gerais, em outras poucas refinarias ainda operantes no país, o querosene de aviação brasileiro é um dos mais caros do mundo. Levantamento da Associação Brasileira de Companhias Aéreas (Abear) indica que o preço médio do combustível, no Brasil, foi 24,6% superior do que nos Estados Unidos, no primeiro semestre de 2021.