A expressiva queda do consumo interno, fruto do programa de arrocho fiscal e monetário aplicado pelo governo de Maurício Macri obedecendo ordens do Fundo Monetário Internacional (FMI) acirrou a crise de desemprego na Argentina. Durante novembro passado, quando a atividade econômica marcou o pior registro deste governo, uma queda de 7,5% em relação ao mesmo mês de 2017, foram contabilizados menos 172.200 empregos registrados que no mesmo mês do ano anterior. O setor assalariado privado concentrou as perdas marcando 117.700 vagas menos que um ano antes.
As atividades mais afetadas, como era previsível pelo enorme aumento das importações e a inflação, foram as industriais. A corrida cambial junto com o coquetel de ‘ajuste’ acabaram com 61.800 empregos na indústria manufatureira nos últimos doze meses, informou o jornal Página 12. O comércio registrou queda de 30.800 empregos, a construção acumulou a perda de 18.800 vagas e o transporte experimentou uma diminuição de 12.400 postos. Os dados oficiais publicados, no dia 30, pela Secretaria de Trabalho evidenciam que o poder aquisitivo dos trabalhadores registrou uma queda de 9,4% em novembro de 2018 em relação ao mesmo período do ano anterior.
A ocupação industrial registrou queda em 35 dos 36 meses da gestão de Macri. Levantamento divulgado em novembro passado, informa que 125.000 empregos, nesse setor, foram destruídos desde que começou o governo. A queda acumulada em três anos equivale a 10% das vagas em manufatureiras que existiam ao final de 2015.
Em 2009, um dos instrumentos utilizados pelo governo de Cristina Kirchner para barrar o desemprego, em um momento de crise, foi o Programa de Recuperação Produtiva. O Repro, como era conhecido, foi um subsídio às empresas através do qual o Estado se responsabilizava pelo pagamento de uma parte do salário dos trabalhadores das pequenas e médias empresas do setor privado – durante um período – no esforço para atravessar a crise. As empresas que hoje solicitam o auxílio, chocam-se com a negativa do Ministério de Produção e Trabalho.
O investimento contraiu-se 5,6% no ano passado, a seu menor nível desde 2009, segundo um estudo da consultora Orlando Ferreres & Asociados. A principal queda no investimento esteve focada na retração em termos da quantidade de compras de máquinas e equipamentos.
SUSANA LISCHINSKY