Em meio à maior recessão da história do país, os cinco maiores bancos no Brasil (Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa) tiveram um lucro astronômico de R$ 244 bilhões entre 2014 e 2017. O montante superou em muito o lucro líquido de R$ 56 bilhões de 307 empresas não financeiras no mesmo período, segundo levantamento do Valor Data, vinculado ao jornal Valor Econômico.
É o reflexo de um sistema baseado na concentração bancária, juros estratosféricos e tarifas extorsivas. Assim é que esses cinco bancos respondem por R$ 4 de R$ 5 movimentados no país. O R$ 1 restante ficam com 150 instituições bancárias, que atuam em nichos específicos, conforme reportagem do portal UOL.
O processo de concentração bancária teve início com o Proer, na administração de Fernando Henrique, e foi exacerbada nos governos de Lula e Dilma. Se no governo tucano, por exemplo, o Nacional foi engolido pelo Unibanco e o Bamerindus foi para as mãos do HSBC, nos governos petistas a coisa não ficou por menos: o Itaú empalmou o Unibanco e as operações de varejo do Citibank no Brasil; o Bradesco comprou as filiais do HSBC e do BBVA. Ou seja, a concentração da concentração.
De acordo com a reportagem do Valor, Itaú, Bradesco, BB, Santander e Caixa detinham 83% dos ativos totais e 87% do total de empréstimos em setembro do ano passado.
Entre 2013 a 2017, a receita com tarifas dos cinco bancos aumentou 65%, passando de R$ 23 bilhões para R$ 39 bilhões. Já a inflação, medida pelo IPCA, teve alta de 30%, os gastos com pessoal subiram 36% e as despesas administrativas avançaram apenas 13%.
Os bancos alegam que a cobrança de tarifas e juros altos se dá pelo alto nível de inadimplência. Mas, é exatamente o contrário: a inadimplência é alta em função dos juros estratosféricos.