
IEDI alerta que “as altas taxas de juros no país” e o tarifaço dos EUA contra o Brasil “erodiram os fatores de expansão da nossa indústria”
Prejudicada pelos juros em patamares elevados, a indústria brasileira encerrou o primeiro semestre de 2025 em estagnação, avalia o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), ao analisar os números da produção industrial de julho deste ano (alta de 0,1%), divulgado pelo IBGE, na primeira semana de agosto. Em maio deste ano, a produção industrial havia caído em -0,6%, o mesmo resultado registrado em abril.
O Instituto alerta que, desde o terceiro trimestre do ano passado, o setor praticamente não saiu do lugar, justamente o período em que a taxa básica de juros (Selic) do Banco Central (BC) voltou a subir, saindo de 10,5%, em setembro de 2024, para 15% ao ano, em julho deste ano – afastando as empresas de novos investimentos e as famílias do consumo de bens e serviços no país.
“A primeira metade do ano se encerrou com a produção industrial estagnada e isso após dois meses seguidos de retração, afirma o IEDI, ao destacar que “as altas taxas de juros no país e o ambiente de incertezas, agravado pela errática imposição de tarifas de importação pelos EUA, erodiram os fatores de expansão da nossa indústria”.
No 1º trimestre e no 2º trimestre de 2025, a produção industrial registrou altas de 0,2% e 0,1%, na ordem, sempre na comparação com o trimestre imediatamente anterior. No 4º trimestre de 2024, o setor registrou queda de -0,1%.
“Ou seja, não há dúvidas a respeito do minguado dinamismo do setor”, afirma o IEDI. “No contraste interanual, com a ajuda das bases de comparação, as variações são mais positivas, mas ainda assim a desaceleração é evidente: +3,9% no 3º trim/24; +3,1% no 4º trim/24; +2,1% no 1º trim/25 e +0,5% no 2º trim/25”, cita o instituto e segue. “Este último resultado trimestral de +0,5% é o mais baixo desde meados de 2023, quando a produção industrial registrou -0,1% na comparação interanual”.
Em relação a junho de 2024, a produção industrial recuou 1,3%. “Muito disso está concentrado na indústria de transformação, cuja produção caiu -0,7% no 2º trim/25 e -2,2% em junho último”, ressalta também o instituto.
“Dos 25 ramos acompanhados pelo IBGE, 40% recuaram no 2º trim/25 no contraste com igual período de 2024 e 28% desaceleraram em comparação com o resultado do primeiro trimestre do ano. Ou seja, para uma parcela majoritária de 68% os indícios não são bons”, observa o IEDI.
Além da indústria, o comércio e o setor de serviços também apresentaram perda de tração no encerramento do primeiro semestre de 2025.
As vendas no comércio varejista no país caíram -0,1% na passagem de maio para junho, marcando o terceiro mês seguido de queda. Na modalidade ampliada, que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado, as vendas recuaram 2,5% na mesma base comparativa.
Já o volume de serviços no país variou 0,3% em junho frente a maio deste ano. No período, a quatro das cinco modalidades pesquisadas marcando taxas negativas, com destaque: outros serviços, que recuou -1,3% em junho, eliminando quase todo o ganho de maio (1,5%); e serviços prestados às famílias, que caiu -1,4%, a terceira queda seguida, com perda acumulada de 1,8% neste intervalo de meses.
Em contraste, os três principais bancos privados do Brasil (Itaú, Bradesco e Santander) somaram juntos um lucro líquido de 21,2 bilhões no segundo trimestre de 2025, um crescimento de 17,2% na comparação com o mesmo trimestre de 2024.
O Itaú obteve um lucro de R$ 11,5 bilhões, o que corresponde a um crescimento de 14,3% frente ao segundo trimestre de 2024. Já o Bradesco registrou R$ 6,1 bilhões (alta de 28,6% no seu lucro) – e o espanhol Santander somou R$ 3,7 bilhões (alta de 7,5%).