A gasolina da Refinaria Landulpho Alves (Rlam) da Petrobrás era 1% mais barata do que as demais refinarias do país. Com a venda para o fundo árabe, o litro do combustível está 6,2% mais caro do que o preço médio cobrado pela estatal
Completando um ano desde a sua privatização por Jair Bolsonaro, a antiga refinaria Landulpho Alves (Rlam), atualmente Refinaria Mataripe, comercializa o litro da gasolina a um preço 6,2% mais caro do que o preço médio cobrado pela Petrobrás.
A primeira refinaria privatizada do país, foi vendida em 1º de dezembro de 2021 pelo governo de Bolsonaro à Acelen – companhia controlada por fundos do Emirados Árabes. Além da gasolina, o diesel S-10 custou em média 2,6% acima dos preços da estatal. As informações são de pesquisa do Observatório Social do Petróleo (OSP).
Segundo o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), “os preços herdados pela nova proprietária foram mantidos somente no primeiro mês e depois dispararam”.
“Lembrando que antes de ser privatizada, a gasolina da Rlam era 1% mais barata do que as demais refinarias do país e o diesel custava 3% a menos do que a média das outras unidades de refino da Petrobrás”, afirmou em reportagem do Brasil 247.
Em um contexto de inflação generalizada e dos preços dos combustíveis nas alturas por conta da política de paridade com preços internacionais, no último ano, o preço da gasolina esteve superior ao da Petrobrás na Refinaria de Mataripe durante 284 dias, o que equivale a 78% do período.
O combustível vendido pela Petrobrás aos distribuidores alcançou seu preço mais alto no ano em julho de 2022, de R$ 4,06. O recorde de Mataripe foi de R$ 4,57 o litro. O diesel da empresa privada chegou a R$ 6,12. Na Petrobrás, o máximo cobrado pelo diesel foi R$ 5,61, em agosto.
COMBUSTÍVIES MAIS CAROS NO NORTE DO PAÍS
A pesquisa é um alerta para o que pode acontecer com o preço dos combustíveis refinados na Refinaria de Manaus (Reman), vendida em novembro para grupo Atem. No dia seguinte à privatização, os novos proprietários aumentaram o preço do gás de cozinha em 93 centavos o quilo.
“Com a concretização da venda da Refinaria de Manaus, o mesmo fenômeno deve ocorrer na região, pois a Reman é a única produtora de gasolina no Norte, atendendo os estados do Pará, Amapá, Rondônia, Acre, Amazonas e Roraima. Com a privatização e o consequente monopólio regional do refino pela Atem, a população desses estados também irá amargar preços ainda mais elevados para o combustível”, destacou o economista.