Foco do Planalto no encontro será a cobrança de ajuda financeira dos países ricos que, segundo, Lula, já poluíram o planeta e agora têm que ajudar a despoluí-lo
O presidente Lula viaja nesta semana a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para a 28ª Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP28). A conferência é uma das etapas que o Brasil quer trilhar acumulando para a COP30, na Amazônia, em 2025. O chefe do Executivo brasileiro passará por Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes e Alemanha.
A avaliação do governo federal é que o Brasil chega a Dubai em uma situação interna “muito confortável”, diante dos índices de redução de desmatamento alcançados nos últimos meses – apesar de a destruição ter sido reduzida na Amazônia mas estar avançando fortemente em biomas como o Cerrado.
O Brasil tem hoje uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. Além disso, a área total desmatada na Amazônia nos primeiros nove meses do ano caiu 49,5%, segundo dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O presidente tem dito que, pela primeira vez, é o mundo que vai ouvir o que os habitantes da Amazônia têm a dizer sobre como se deve cuidar da floresta e não o contrário. Lula também tem cobrado maior ajuda dos países ricos na despoluição do planeta.
O evento terá cerimônia de abertura em 30 de novembro, seguido das manifestações de 138 chefes de Estado confirmados – uma introdução para os 10 dias de negociações que se seguem. Na agenda, aparecem temas como redução da emissão de gases do efeito estufa, transição energética e proteção diante de eventos climáticos extremos.
“A gente chega nessa COP mostrando os bons feitos e resultados dos últimos anos. Tivemos 49,5% de queda do desmatamento, de janeiro a setembro deste ano”, explica a secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni. “Isso corresponde, mais ou menos, ao que a Argentina emite [em gases do efeito estufa] anualmente.”
A comunidade internacional, por sua vez, precisará responder a respeito de lacunas existentes em termos de mitigação e adaptação, além de perdas e danos. Um dos assuntos mais importantes é a cobrança de auxílio financeiro às nações mais afetadas pelas mudanças no clima. O presidente Lula tem cobrado que os países ricos se comprometeram em encontros anteriores com a ajuda e até hoje ela não se concretizou.
O objetivo mais ambicioso do encontro é colocar o planeta no rumo do cumprimento do Acordo de Paris, freando as emissões de gases que causam as mudanças climáticas. Para isso, será fundamental a efetiva colaboração dos países ricos.
Segundo o Itamaraty, o Brasil quer se posicionar no evento a partir da “liderança pelo exemplo”, como um provedor de soluções climáticas para o mundo. Além disso, a diplomacia brasileira deve defender a ciência como caminho para frear as mudanças climáticas. É preciso avançar em tecnologias como hidrogênio verde, energia solar e eólica e o fortalecimento dos biocombustíveis.
Na COP30, na Amazônia, os países deverão apresentar, com base nas propostas acordadas agora, novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês). Ou seja, metas para a mitigação das mudanças climáticas, como a redução das emissões de gases do efeito estufa.