Em meio à crise econômica sem precedentes no país, a subsidiária da Coca-Cola no Brasil aumentou a remessa de lucros para a sua matriz nos Estados Unidos em R$ 1 bilhão de 2016 para 2017.
Como sabemos, não se trata de um surpreendente aumento do consumo dos produtos fabricados pela empresa – que inclusive vem despencando. A suspeita, agora sendo apurada pela Receita Federal, é que a companhia tem superfaturado a venda do seu concentrado (xarope) para os envasadores do produto.
As investigações da Receita se concentram no fato de a Coca-Cola no Brasil vender por cerca de R$ 200,00 o quilo do mesmo xarope que exporta a R$ 20,00. A fabricante do concentrado está instalada na Zona Franca de Manaus, onde o Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) é zero, mas revende o produto para envasadores instalados fora da região.
Como as fábricas envasadoras pertencem à própria Coca-Cola, a suspeita é de que a companhia esteja reduzindo ao mínimo o pagamento de impostos e deslocando para o balanço da sua fábrica na Zona Franca o lucro do grupo.
Não é a toa que as remessas da subsidiária brasileira para a matriz da Coca no exterior passou de R$ 1,5 bilhão em 2016 para R$ 2,4 bilhões em 2017.
Os cálculos mais conservadores da Afebras (Associação dos Fabricantes de Refrigerantes no Brasil) estimam que mais de R$ 7 bilhões deixaram de entrar nos cofres públicos em 2016 por conta dos subsídios e isenções para o setor de bebidas. As maiores beneficiadas são as grandes multinacionais, como a Coca-Cola e a Ambev, que contam com tantas regalias que acabam gerando mais crédito tributário do que efetivamente pagando impostos. E esses recursos vão direto engordar suas matrizes do exterior.